Os italianos Soviet Soviet são já um nome bastante conhecido dentro das sonoridades post-punk. Foi no fim de 2013 que o trio, composto por Andrea Giometti (vocais/baixo), Alessandro Constantini (guitarra) e Alessandro Ferri (bateria), pisou os palcos portugueses pela primeira vez, em Lisboa e no Porto, actuando como suporte aos russos Motorama. Agora, a banda inicia 2015 com uma tour europeia, tendo contemplado três datas em solo nacional: em Vila Real, em Lisboa e no Porto. O regresso a Lisboa dos Soviet Soviet foi marcado por uma passagem de pouco mais de uma hora, no Sabotage Club. Se é verdade que o espectáculo começou vinte minutos mais tarde do que era esperado, não se pode deixar de referir que iniciou e terminou com a casa cheia. Embora com alguns lançamentos anteriores, foi com o álbum “Fate”, de 2013, que o trio ganhou uma maior notoriedade, sendo esperado que o alinhamento do concerto privilegiasse este lançamento. E assim foi.
A voz de Andrea Giometti já resulta bastante bem em estúdio, mas ao vivo, com ecos e alguns improvisos, faz as delícias dos apreciadores do género. Embora não tenha havido muita comunicação com o público, o músico agradeceu várias vezes a sua presença, reforçando também que era muito bom estar de volta a Portugal. De alguma forma, esta falta de comunicação pode ter sido originada pela falta de interesse de uma parte do público, que preferia conversar em voz alta e tirar fotos entre si. Sendo o Sabotage Club um espaço bastante intimista, onde os músicos actuam ao mesmo nível em que o público assiste, foram várias as vezes onde a voz alta dos espectadores, por vezes na primeira fila, se confundiu com a de Andrea. Uma pena, pois certamente não se deveu à falta de qualidade do trio italiano, mas foi uma situação que pode ter condicionado o ambiente desta noite. Por outro lado, também foram vários os espectadores que realmente apreciaram o momento, havendo mesmo lugar ao ecoar das letras por parte de alguns deles. Terá sido nos temas “1990”, “Ecstasy” e “Further” que o público se manifestou mais. Enquanto que algumas das músicas permitiam uma dança mais frenética (por vezes, relembrando o estilo de Ian Curtis, dos Joy Division), outras levavam-nos a um lugar, de certa forma, melancólico ou nostálgico.
O fim do concerto foi marcado por Andrea, que deitou o seu baixo e transformou a pedaleira numa mesa giratória, provocando um ruído meio distorcido e prolongado, que veio, assim, terminar a actuação. Neste momento, enquanto o vocalista/baixista se encontrava no chão, um membro do público aproveitou para pegar no seu microfone e emitir os sons que bem entendeu, algo que gerou alguma tensão entre ambos. Mais uma vez, uma prova de que nem todos os espectadores estariam presentes com o mesmo feeling ou, de uma forma mais crítica, com o mesmo respeito que qualquer músico merece. Ainda assim, os três membros da banda terminaram o concerto com um sorriso nos lábios. Terminando esta noite, espera-se que, quem já era fã dos Soviet Soviet, tenha vindo a reforçar esse sentimento, e que os italianos tenham conquistado mais fãs na capital. É já com ânsia que se aguarda por uma nova passagem da banda por terras lusas.
Texto por Sara Delgado
Agradecimentos: Amazing Events/Goodlife HQ