Aqueles que gostam da sua música com um som cristalino e nada distorcido nem devem estar a ler estas primeiras linhas, possivelmente afastados pelo nome da banda em si. E sim, Mudbath é um nome que assenta que nem ginjas à sonoridade destes franceses. Um sludge/doom megalítico que dá a sensação de se estar a ser subterrado por uma derrocada e presenciar tudo em slow motion.
Disponível apenas em LP ou em formato digital, “Corrado Zeller” propõe-nos 3 temas morosos e abrasivos a começar pela desoladora e arrastada – tanto no bom como no mau sentido – “Thus I Saw The Destructive Voracity Of An Obsessive Ritual” a qual consegue apresentar muito bem a imagética da banda, se bem que é um tema quase monocórdico que, se o ouvinte não entrar no transe que os Mudbath tentam criar, acaba por adormecer por entre os pesados e vagarosos riffs distorcidos e os berros angustiantes e só acorda lá mais perto do fim do tema ou no início muito mais veloz e com notórias influências black metal de “Shrim Alternative Healing Center”, isto é, antes de tudo voltar a abrandar, ainda assim que fique registado que se trata de um tema muito mais enriquecido e cativante do que aquele que serve de abertura. Mas, a pérola desta suja rodela de sludge acaba por ser o épico de 18 minutos “Salmonella”, uma composição que não desprende a atenção durante toda a sua duração mostrando que o grupo de Avignon sabe bem trabalhar o som que querem produzir.
Com momentos bons, outros menos bons e uns excepcionais ainda à mistura, “Corrado Zeller” é um registo honesto de uma jovem banda a explorar o seu caminho, mas que se revela muito promissora.
Review por Tiago Neves
