Nem de propósito, quando acabamos de analisar a grandiosa estreia dos Visigoth, é quando nos surge também esta reedição de um álbum clássico dos Manilla Road. “Out Of The Abyss” foi lançado em 1988 e era já o sétimo trabalho da clássica banda norte-americana, que já tem agendado o lançamento do seu décimo sétimo álbum no próximo mês de Fevereiro. Em “Out Of The Abyss” encontramos os norte-americanos na sua força máxima, numa altura em que as marés já não eram propriamente favoráveis a propostas de heavy metal tradicional e clássico. Talvez por essa razão, a intensidade encontrada destas músicas aqui expostas acaba por surpreender pela sua potência.
O power metal era ainda praticamente um bebé e o que era entendido por essa designação confundia-se muito com o thrash metal normalmente sendo até chamado de speed metal (um termo que não tem muita razão de ser) pelo que provavelmente quando foi lançado, este trabalho estava mais próximo de ser considerado power-metal ou speed metal do que propriamente o heavy metal tradicional que se estava habituado a ouvir por parte deles. Na verdade, houve uma intenção clara de fazer deste trabalho o mais brutal da banda até então e pelo o que se pode ouvir aqui, esse objectivo foi atingido em pleno, logo verificado na faixa de abertura, “Whitechapel”, baseada e inspirada na lenda de Jack, O Estripador.
Se pegarmos por exemplo numa faixa como “Slaughterhouse”, mais parece um malhão por parte dos Agent Steel do que propriamente dos Manila Road e é apenas mais uma música deste trabalho que representa bem a orientação mais agreste por parte desta banda que é um dos pilares daquilo que é visto como heavy metal tradicional. Na altura, apesar da boa recepção nos Estados Unidos, na Europa foi visto como uma tentativa de saltar para o comboio do thrash metal que na altura estava nos seus píncaros. Justiça seja feita, quase trinta anos depois, este álbum envelheceu de uma forma graciosa, o que faz com que seja um trabalho a descobrir não só por todos os que gostam de heavy metal tradicional mas também por aqueles que gostam de um pouco de mais violência na sua música. Essencial.
Nota: 9/10
Review por Fernando Ferreira