Na maioria das vezes, os Best of’s mais não são de que um exercício simplista de recolha e compilação dos temas mais marcantes de uma banda, por parte das editoras, de forma a arrecadar mais uns cobres. Alias, nunca percebi bem que outro valor, para além do coleccionismo, poderá ter um lançamento desse género, e ainda para mais numa altura em que a música é cada vez mais facilmente acessível, através de ferramentas media como Youtube ou Spotify. Por certo um lançamento ao vivo será melhor cartão de apresentação de um colectivo, na medida em que também ficamos a conhecer alguns temas, mas numa perspectiva diferente à de estúdio.
Felizmente que algumas vezes há quem tenha a clarividência de espírito suficiente de juntar uns quantos easter eggs ao disco, e assim aumentar-lhe exponencialmente o seu nível de curiosidade, que foi o caso de Re-Arrival, a compilação dos germânicos Deadlock. Aqui temos uma apresentação de uma banda como ela deve ser, desde os primórdios mais caseiros da mesma, até aos discos anteriores ao último de originais “The Arsonist”, lançado em 2013, ao que se juntam ainda alguns inéditos, versões alternativas e uma cover de Running Wild.
É especialmente interessante o conteúdo do segundo disco, no qual estão contidos os temas respectivos às primeiras demos e “7” da banda, onde vemos uns Deadlock com forte inspiração no death metal e uma atitude muito punk, numa altura bem mais crua, e onde os teclados e vozes femininas pareciam ainda uma miragem. Já no primeiro disco, o esperado, uma selecção dos temas mais fortes da discografia mais recente de Deadlock, e 3 novas composições no registo habitual a que nos têm habituado ultimamente, o que não é mau de todo. Talvez o menos positivo neste lançamento seja mesmo as vozes do ex-baixista (agora apenas vocalista) John Gahler, que parecem um pouco forçadas. Mas de resto nada a apontar a este lançamento, tendo em conta a natureza do mesmo.
Review por António Salazar Antunes