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Accept - "Blind Rage" Review


Quando existem regressos, o público por norma é céptico, menos o fã, que normalmente até os anseia - embora depois, na maior parte das vezes, seja o mais crítico quando as suas expectativas são goradas. No caso dos Accept, quando regressaram em 2010, não lançavam nada deste 1996. Ocasionais concertos especiais alimentaram o regresso da banda, com o Udo à cabeça, mas surpreendentemente, quando editaram o excelente "Blood Of Nations", não era o temível baixinho que estava no micro e sim o desconhecido norte-americano Mark Tornillo. O cepticismo apertou, mas qualquer um que ouviu o trabalho, poderia ter comprovado que os Accept estavam de volta e em grande forma.

Com uma line-up bem coesa à volta do vocalista, esse trabalho e o seguinte surpreenderam pela qualidade e quem ainda tivesse dúvidas dessa mesma qualidade neste trabalho, bastaria o primeiro tema, "Stampede" para as dissipar. Com riffs marcantes, leads bem catchy e solos de extremo bom gosto, como já é apanágio de Wolf Hoffmann, é impossível não se ficar rendido a "Blind Rage" por muito cepticismo que ainda se tenha. Soa a Accept e até é curioso reparar como certos temas nos remetem para outras bandas teutónicas (como a "Dark Side Of My Heart" tem um certo ar de Grave Digger no seu refrão) e saber que essas mesmas bandas foram influenciadas em larga escala pelos Accept.

"Blind Rage" não é o álbum que os vai fazer saltar para os tops de venda tal como acontecia há muitos anos atrás, mas tem qualidade suficiente para impressionar todos os amantes de heavy metal e garantir mais uma tour bem sucedida. Talvez esteja alguns furos abaixo que os dois anteriores álbuns, mas mesmo assim, o saldo é bem acima da média. Recentemente viram-se a braços com uma mudança de formação algo forçada (com o abandono de Herman Frank e Stefan Schwarzmann para se dedicarem aos recém-criados Panzer com Schmier dos Destruction), mas ao ouvir este trabalho fica-se com a sensação, talvez exagerada, que esta é uma banda que viverá para sempre, não importa a formação - desde que tenha lá um vocalista de voz desgraçada e o Wolf Hoffmann nas guitarras. Por falar em tour, para quando a visita a Portugal?


Nota: 8/10

Review por Fernando Ferreira