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6:33 - "Deadly Scenes" Review



O início de “Hellalujah” poderá enganar por se tratar de um bom momento de gospel, mas o que vem a seguir também não ajuda a definir bem as coisas. Tal não é estranho para quem já conhece esta banda avantgarde francesa que parece que é uma mistura de Devin Townsend com Mr. Bungle, sem falar das bandas sonoras compostas por Danny Elfman para Tim Burton (“The Corpse Bride” e “A Nightmare Before Christmas”). Quando se fazem este tipo de comparações, é porque existem elementos que sugerem diferentes entidades mas neste caso é daqueles raros em que realmente todos os nomes citados são juntados, dando resultado a este “Deadly Scenes”.

Apesar da forma como este álbum surge de rompante, não é o primeiro trabalho da banda. Na realidade, é o terceiro e mostra uma banda extremamente segura da sua identidade, com uma capacidade inata de misturar mundos – “The Walking Fed” por exemplo, parece qualquer coisa pop feita na viragem da década de oitenta para a noventa. E soa bem! Aliás como toda e qualquer faixa neste trabalho, onde até a esquisitice resulta (“I’m A Nerd” é melódica e extrema e resulta de forma perfeita). É o caso em que se pode dizer que existe  razão de ser no rótulo avantgarde. Na maior parte das vezes, tenta-se ser esquisito apenas porque sim, mas aqui, tudo flui na perfeição e o resultado são músicas, verdadeiras músicas, em que a esquisitice é apenas uma das suas partes integrantes e nem por isso a mais importante.

Aquele elemento que se destaca no meio desta excentricidade toda é mesmo o de música de musical. Se fecharmos os olhos, parece que se vê uma vasta trupe de dançarinos por todo o lado, tal como a tradição musical dos anos dourados de Hollywood ou da Broadway – pronto, tipo La Féria, vá. Para quem tem um fraquinho por esse tipo de espectáculo vai delirar com isto, embora seja expectável que no meio das fileiras dos apreciadores de metal extremo, esta não seja uma característica fácil de encontrar. No entanto, aqueles que tiverem a mente bem aberta, vão conseguir aproveitar este trabalho em todo o seu esplendor, e a forma como o mesmo chama para contínuas audições. Há sempre detalhes novos a surgir, dando a sensação que acabaram de ser colocados lá. Invulgar mas sem dúvida que excelente.


Nota: 8.9/10

Review por Fernando Ferreira