Numa aparente pacata, fria e chuvosa noite Portuense, um foco de dissidência ameaçou a paz durante a noite de dia 27 no Hard Club. Os estreantes Fallujah, Malevolence e Goatwhore, juntamente com os já bem conhecidos por estas hostes Dying Fetus, formaram esta eclética quadrilha de assalto que abanou as fundações da sala 2, que mesmo sendo a um dia da semana e dadas as circunstâncias económicas actuais, não foram suficiente para afastar os insurretos que lotaram a mesma.
Estreia absoluta em território nacional, os Fallujah executaram relativamente bem o seu death metal técnico e moderno com passagens atmosféricas, ainda que com alguma falta de coesão dada a complexidade da sonoridade que praticam. O set focou-se essencialmente nos 2 álbuns lançados até agora, “The Harvest Wombs” de 2011 e a novidade lançada este ano, “The Flesh Prevails”, tendo sido tocados dois temas de cada ao longo dos seus curtos 30 minutos de actuação para uma plateia ainda a meio gás, que os aplaudiu mostrando-se minimamente satisfeita com a sua prestação.
Numa veia mais hardcore, os britânicos Malevolence também se estrearam nos palcos nacionais e fizeram o deleite da juventude irrequieta que compunha a plateia. Formados em 2010 e com apenas um álbum lançado em 2013, “Reign of Suffering”, apesar de praticarem uma sonoridade banal e até mesmo genérica a convidar o bocejo, os breakdowns e atitude jovial e descomprometida do grupo causaram os maiores tumultos entre os presentes que não se acanharam mostrando o seu agrado em forma de circle pits, crowdsurf e ainda com direito a wall of death a mando do vocalista Alex sempre a incitar ao baile.
Finalmente, do pântano mais pestilento do Lousiana, chegava um dos concertos mais aguardados da noite, a estreia dos Goatwhore. Comandados pelo guitarrista Sammy Duet e pelo vocalista Ben Falgoust II que já passara por terras lusas com os seus Soilent Green no 13º SWR Barroselas Metalfest, mostraram estarem acima de qualquer protagonismo ou pretensiosismo e debitaram o seu bastardo black/death/thrash como mandam os versículos de Celtic Frost sem comprometer. Munidos do novo portento que é “Constricting Rage of The Merciless”, o pontapé inicial deu-se ao som de “Poisonous Existence in Reawakening”, contudo, foi a costela thrash da banda que causou os maiores tumultos dignos de registo com temas como “An End to Nothing”, “FBS”, havendo tempo para o regresso ao passado mais obscuro com “Alchemy of the Black Sun”, encerrando ao som de “Apocalyptic Havoc” uma estreia abençoada pelo grande cornudo.
Texto por Rúben Pinho
Fotografia por Emanuel Ferreira
Agradecimentos: SWR Inc.