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Reportagem: D-A-D e PhaZer @ Paradise Garage, Lisboa - 06/12/2014


A noite era de celebração pela carreira duma das grandes bandas europeias de hard rock, que conseguiu manter uma consistência admirável durante trinta anos, com mais ou menos apoios pelos meios de comunicação. E apesar de algum apoio a este evento, não será essa a justificação para que este evento esteja esgotado há já algum tempo, embora as pessoas tenham demorado a aparecer em peso, sendo que a banda de abertura, os portugueses Phazer, começou a tocar para uma casa ainda não totalmente composta.

A banda nacional, também ela em celebração - por dez anos de carreira - agarrou da melhor forma esta oportunidade, mostrando-se muito gratos e também indo bem mais além da simples tarefa de aquecer e preparar o público para o prato principal. A percorrer toda a sua carreira, a banda deu uma actuação de luxo, com grande destaque para temas do último EP "Rockslinger", com o já clássico "I've Been Shot" a destacar-se, não ficando para trás "Dear Foe" e a instrumental "Spermatogenesis" que prova que Gil Neto é actualmente um dos grandes guitarristas nacionais. Os lançamentos anteriores também não foram estranhos e "War Of Shouts", "Revelations", "Wonder Girl" e "Wake Me".

Findada a actuação dos Phazer, era a vez dos D.A.D., mas a sua actuação demorou ainda algum tempo a ter início, aumentando ainda mais as expectativas que quando entraram em palco às dez horas e trinta e cinco minutos já estavam ao rubro. "Jihad", daquele que é provavelmente o álbum da banda dinamarquesa mais querido pelo público português ("No Fuel Left For The Pilgrims"), iniciou em grande forma o seu concerto e estabeleceu o padrão de energia que ia ser debitado ao longo de toda a sua actuação. "Evil Twin" foi uma das incursões por material mais recente, mas foi no referido álbum de 1989 que a banda encontrou mais satisfação por parte do público, dando de rajada uma "Overmuch", uma "Point Of View" cantada do início ao fim pelo público (algo que deve ter arrepiado o vocalista Jesper Binzer, já que nem tocou no microfone nos primeiros versos da música).

Com "A New Age Moving In" e "The Last Time In Neverland" voltou-se a tempos mais recentes de forma bem recebida, mostrando que tanto o público como a banda estavam ali para levar a sério a celebração de carreira, juntando à equação a sempre cómica/estranha/meia psychobilly, meia Shadows meets Enio Morricone, "Riding With Sue" dos primórdios da banda e outro hino da banda, "Grow or Pay", em formato alongado, onde Jacob Binzer demonstrou sem dificuldade toda a sua qualidade de grande guitarrista. Aliás, este foram dois dos muitos pontos altos da actuação da banda. Além de instrumentalmente demonstrar estar em topo de forma, a forma como reinterpretaram os seus temas com solos de extremo bom gosto e puxando constantemente pelo público, é a prova de qua a banda é um animal de palco temível.

A fase mais industrial, se é que se pode chamar isso, também foi revisitada, com Jesper a pedir ao público para incluir com a voz, de forma hilariante, a parte inicial dos efeitos electrónicos no início da "Reconstrucdead", em mais uma versão prolongada, em Jesper puxou pelo público para puxar por Laust Sonne (algo que viria a acontecer outra vez em "I Want What She's Got") para aquilo que chamou de momento thrash metal. "Bad Crazyness" seria o último tema antes do primeiro encore, mais um tema clássico, recebido dessa forma pelo público. Não foi preciso muito tempo para que a banda voltasse para mais com um "Everything Glows" e um inevitável "Sleeping My Day", também ele adulterado e prolongado, sendo previsivelmente outro momento chave desta actuação. 

Para o segundo encore, o Paradise Garage foi surpreendido por um potente "I Won't Cut My Hair" e com a inevitável "It's After Dark", que normalmente encerra os concertos da banda. No final, o público ainda estava pronto para mais um encore e tal não foi de estranhar já que o calibre da actuação da banda fez com que todos os que tivessem em frente ao palco estivessem dispostos a muito mais. Foi uma noite de hard rock de classe que até poderá não ter apoio dos meios de comunicação como uns anos atrás mas que provou que quando a música é boa, o público está presente e quem tem algum tipo de dúvidas, basta comparecer para ficar automaticamente convertido.



Texto por Fernando Ferreira
Fotografia por Liliana Quadrado
Agradecimentos: Prime Artists