Chegados aos confins da Margem Sul, mais concretamente aos Foros da Amora, deparámo-nos com o Moto Clube do Seixal, um espaço acolhedor que serviu não só para divulgar alguns projectos emergentes da música nacional, como também para contribuir para uma causa maior, isto é, para ajudar o Canil/Gatil Municipal do Seixal, onde parte do valor da entrada revertia a favor da própria instituição. Numa simbiose entre o palco, a cozinha, o bar, uma rapariga a recolher donativos em cima de umas andas (sim, leram bem. Em cima de umas andas), o soundcheck dos Stonerust, as escolhas musicais da DJ Lady Starlight e o espírito de camaradagem que se fazia sentir na sala, tudo apontava para uma bela tarde/noite de música, algo que no final se veio a confirmar.
Os Stonerust, como primeira banda a actuar, tinham a responsabilidade de literalmente aquecer as hostes, o que não foi difícil. Numa sala quase composta, a banda de Cascais arrancou em força com o tema "Sangue Seco", uma das malhas em português que fazem parte do seu repertório. A partir da 3ª música, intitulada "Deep Emptiness", já as hostes estavam completamente quentes, uma vez que os Stonerust se faziam acompanhar da sua crew, que se animava apenas num metro quadrado da sala ao ritmo de crowdsurfs e moshpits. A banda continuava na máxima velocidade com os seus ritmos envolventes de stoner e thrash, e a meio da actuação, houve tempo para Bruno, o vocalista, anunciar o nome do próximo EP da banda, que é também o título de uma das malhas tocadas neste concerto, ou seja, "Mother Beast". Depois, seguiu-se mais um tema em português, de seu nome "Sujo", provavelmente o tema mais calmo do grupo, mas igualmente pesado. Até ao final, os Stonerust presentearam os espectadores com mais alguns temas, um dos quais, e como já é da praxe, com direito a adereço, mais concretamente uma máscara de porco. É óbvio que estamos a falar da música "Men & Pig", na qual Bruno faz sempre questão de usar uma máscara horrenda de suíno. A banda terminou a actuação, passavam já 20 minutos das 18, com os temas "Higher Hope Gone" - que dá também nome ao seu segundo EP, lançado no ano passado - e "The Way" - última faixa desse mesmo EP - revelando, no geral, um desempenho sólido e uma excelente sonoridade.
A seguir, tivemos os lisboetas Advogado do Diabo que entraram a todo o gás, com a promessa de abrirem o apetite para o jantar, já que eram a segunda e última banda do período da tarde. Apresentaram-se com a faixa "O Meu País" e de seguida com "Cidade", mas o gás era tanto que acabaram por ter problemas técnicos, mais concretamente com a guitarra de Bruno Romão. Um mero contratempo que não chegou para arrefecer os ânimos daqueles que se movimentavam freneticamente em frente do palco. Pelo contrário, a festa continuou com direito a participações especiais e despedidas, pois no tema seguinte, intitulado "Migalhas de Belzebuh", o vocalista Rui Kaiapo chamou ao palco Rui Correia, também conhecido por Fuck, actualmente vocalista dos Grankapo e Jackie-D, para participar nesse tema. Rui Kaiapo aproveitou também para anunciar a saída do baixista Flávio Duarte que, por motivos pessoais, pôs um ponto final na sua participação activa na banda.Foi com este espírito de amizade que os Advogado do Diabo prosseguiram inevitavelmente com a música "Velhos Amigos", convidando desta vez dois membros da banda "OS Capitães" para cantarem com Rui Kaiapo e ainda apreciarem, a meio da música, a introdução da "Angel Of Death" dos Slayer. Seguiram-se mais 3 temas, nomeadamente "Ska dos Diabos", "Pseudoamigo" - onde toda a gente ficou a conhecer o refrão e os seus tabuísmos - e "Sangue", e para terminar, "Extinção". Apesar do contratempo inicial, os Advogado do Diabo cumpriram perfeitamente a sua missão e foram uns dignos representantes do punk hardcore nacional.
A seguir, tivemos os lisboetas Advogado do Diabo que entraram a todo o gás, com a promessa de abrirem o apetite para o jantar, já que eram a segunda e última banda do período da tarde. Apresentaram-se com a faixa "O Meu País" e de seguida com "Cidade", mas o gás era tanto que acabaram por ter problemas técnicos, mais concretamente com a guitarra de Bruno Romão. Um mero contratempo que não chegou para arrefecer os ânimos daqueles que se movimentavam freneticamente em frente do palco. Pelo contrário, a festa continuou com direito a participações especiais e despedidas, pois no tema seguinte, intitulado "Migalhas de Belzebuh", o vocalista Rui Kaiapo chamou ao palco Rui Correia, também conhecido por Fuck, actualmente vocalista dos Grankapo e Jackie-D, para participar nesse tema. Rui Kaiapo aproveitou também para anunciar a saída do baixista Flávio Duarte que, por motivos pessoais, pôs um ponto final na sua participação activa na banda.Foi com este espírito de amizade que os Advogado do Diabo prosseguiram inevitavelmente com a música "Velhos Amigos", convidando desta vez dois membros da banda "OS Capitães" para cantarem com Rui Kaiapo e ainda apreciarem, a meio da música, a introdução da "Angel Of Death" dos Slayer. Seguiram-se mais 3 temas, nomeadamente "Ska dos Diabos", "Pseudoamigo" - onde toda a gente ficou a conhecer o refrão e os seus tabuísmos - e "Sangue", e para terminar, "Extinção". Apesar do contratempo inicial, os Advogado do Diabo cumpriram perfeitamente a sua missão e foram uns dignos representantes do punk hardcore nacional.
No período da noite, por volta das 20:30, tivemos como primeiro banda os Legacy Of Cynthia. Dona de uma sonoridade mais alternativa, pelo menos diferente das restantes bandas que presenciaram este certame musical, mas igualmente agressiva, a banda de Sintra não deixou o crédito por mãos alheias e disponibilizou o seu legado, através de uma vertente mais cénica, como nos provou o seu vocalista Peter Miller que, para além do seu distinto traje como já é seu apanágio, fazendo-os lembrar outras décadas, se fez munir de uma gambiarra para que todos pudessem talvez vislumbrar o lado mais poético da actuação. Na senda da promoção do seu álbum de estreia, o alinhamento baseou-se nas faixas do "Renaissance", lançado no príncipio de Maio, que se iniciou com um intro para logo em seguida nos entregar o tema "Cain". Sucederam-se os temas "The End Of Days", "Seven Sins" e "The Tale Of The Scarecrow", marcados por uma forte cadência e melodia, enquanto a plateia, quase como hipnotizada, contemplava a actuação vigorante da banda. A penúltima malha, intitulada, "Dorian's Portrayed" conseguiu finalmente provocar uns empurrões tímidos. Depois, a banda terminou a sua actuação com "Lygophilic", provavelmente um dos temas mais arrebatadores do grupo, arrancando no final uma forte ovação dos presentes. Atendendo à sua vertente na cena metal nacional e à sua presença em palco,este é de facto um quintento a ter em conta.
Seguiram-se os também lisboetas Diabolical Mental State, outrora Dimensions, com o seu thrash musculado, cheio de groove. A afluência do público já foi maior, dando a entender que estava ali, acima de tudo, para ver as duas últimas bandas. Com o EP de estreia na calha, os DMS não se fizeram rogados e tocaram todo o seu repertório. Depois do intro, começaram impetuosamente com "Warfare", para logo a seguir, com o tema "DMS Crew", levarem a plateia ao delírio que entova, às ordens do vocalista Fernando ou Fanã para os amigos, o lema da banda: "KEEP IT REAL, KEEP IT DIABOLICAL/DMS CREW, SHAME ON YOU!". Mas foi com a "The Village" que se deu o auge da noite. Esta é provavelmente uma das malhas mais poderosas dos DMS. Um tema cheio de agressividade e groove, mas também com ritmos dançantes, e com uma forte mensagem social. Foi por isso que teve direito a tudo: Moshpits, crowdsurfs, stagedives por parte do público e do próprio vocalista, mas acima de tudo euforia, muita euforia. Depois do Fernando tecer alguns agradecimentos às bandas e ao público, tivemos, até final, mais três temas que rebentaram a escala de decibéis, intitulados "Breaking The Meaning", "Everytime", e "Long Way Down", este a primeira faixa do EP. Os DMS terminaram a sua actuação em grande, com muitos aplausos da parte do público, confirmando também que, apesar de ainda haver muito caminho por desbravar, são de facto uma lufada de ar fresco no panorama do metal nacional.
Por último, quando já faltavam 15 minutos para as 23, os lisboetas Backflip subiram ao palco para nos darem mais uma descarga do seu hardcore. Embora centrada no álbum "Backflip", lançado em Julho de 2013, a banda também deu uma volta pelo seu EP "New Ticket, NeW Journey", com malhas como "Stand Up Tall" ou Fandango". O público respondeu a medo, mas foi sol de pouca dura. A partir do 3º tema e single "Across Crossed Fire", eram poucos os pés que se mantinham no chão. À medida que a actuação avançava, a euforia generalizava-se e a vocalista Inês Oliveira e o seu gangue sabiam disso, investido cada vez mais na sua actuação. Houve ainda tempo para uma participação do nosso já referido Fuck, desta feita no tema "Jollyride". Depois disso, mais três músicas, sendo elas "Home Is Where The Heart Is", "Shark Pound" e "Corações Ao Largo", e ainda, imaginem, quatro encores! Os Backflip acabaram a sua actuação estafados, mas em beleza, com o público completamente extasiado.
Quem se deslocou ao Seixal neste domingo, não se deslocou em vão, uma vez que teve a oportunidade de assistir àquilo que o underground nacional tem de bom para mostrar. As cinco bandas que se presentaram neste festival têm, de certo, ainda muito para dar e deram provas disso. Quanto ao festival, é sempre de louvar niciativas como estas, onde todos ficam a ganhar. O 1º Underworld Fest contou com quase 200 espectadores e, apesar do espaço reduzido e do facto de se realizar num domingo, embora véspera de feriado, foi um sucesso. Um bem-haja à organização, às bandas e ao público!
Texto por Bruno Porta Nova
Agradecimentos: Organização Underworld Fest