Sabemos que os Vikings andaram a pilhar a América do Sul e que por lá terão deixado quantidades suficientes de DNA escandinavo para que, hoje, em pleno Século XXI, tenhamos, por exemplo, bandas Chilenas a espancarem-nos com esse tipo de sonoridade. O curioso é que antes mesmo de haver esta classe musical, as bandas Suecas até soavam cada uma à sua maneira. Neste caso, os Death Vomit, para vos ajudar a situar, incarnam uns saudosos Therion e Sepultura quando estes ainda vagueavam os territórios do Death Metal cavernoso e maléfico. Desvantagem para os Chilenos, questionam-se? Nem pensem nisso, isto é do melhor que poderíamos desejar, até porque foi com surpresa, boa, que acolhi este “Gutted by Horrors”.
O primitivismo que está disseminado neste primeiro trabalho de originais é uma armadilha letal, na verdadeira acepção da palavra, pois, numa primeira instância, somos repelidos por toda esta imundície, mas, se passarmos este estigma da produção, somos caçados e esfolados sem piedade, ao ponto de não nos conseguirmos libertar deste ambiente irrespirável e fúnebre. Muito à imagem do próprio título do álbum, os temas transportam-nos para uma dimensão horrenda e tortuosa, onde somos catapultados para um vale de restos mortais, a um ritmo rápido e constante. Ao longo da audição dos temas, as vítimas parecem amontoar-se em pilhas de cadáveres, tal é a devastação a que estamos sujeitos. Há, nitidamente, uma atmosfera pestilenta, muito bem representada neste disco, que nos transporta para uma fértil década de Oitenta e para os primórdios do Death Metal grotesco.
Esta é uma obra clássica para todos os que procuram virar costas à modernice das produções tecnologicamente poderosas. O Death Metal também vive e vibra com esta realidade, aliás, é muito mais fácil criarmos empatia imediata com os Death Vomit porque sabemos que, aqui, não há espaço para floreados, nem caminhos alternativos para mascarar a rudimentaridade deste estilo de música. E é nesta pureza que encontramos a maior motivação para adorarmos este “Gutted by Horrors”!
Review por Pedro Pedra
