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Slash - "World On Fire" Review


Slash é um dos poucos guitar-heros em plenas funções no Rock e Metal;  a par disso foi também autor de alguns dos maiores riffs dos anos 90 e eles ainda pairam sobre a sua carreira. Talvez por isso, Slash, como muitos guitar-heros, nunca se sentiu confortável fora do seu ninho de origem, os Guns’N’Roses. E isso nota-se, até na indefinição do seu nome a solo, agora aparecendo como Slash Feat. Myles Kennedy & The Conspirators. Slash move-se em palco, com a sua guitarra e um maço de tabaco. Lá é o seu terreno. O estúdio, o trabalho de composição e produção já lhe fogem entre os dedos e vira-lhes costas. Mais que nunca, isso entende-se neste disco com Myles Kennedy. É pegar na faixa “Automatic Overdrive”, tão orelhuda quanto banal, podia ser dos Nickelback ou dos Survivor ou de qualquer banda de Hard Rock entre os anos 80 e o mês passado. Mas nela contém três riffs que a tornam única, e isso é a marca de Slash! É também o seu maior problema: não encontrar ninguém capaz de construir o berço que carrega esses riffs. Alguém que não seja o trio maravilha - os bateristas não contaram - que o acompanhou até 1991 nos Guns. 

De todos os trabalhos a solo – seja o que isso for com Slash – este é aquele que mais riffs reúne, mas a qualidade dos mesmos nunca é acompanhada no resto. Fica assim um disco de Hard Rock banal, com um ou outro tema orelhudo que vai encaixar ao vivo, mas que perderá sempre quando a meio do set, entrarem os temas clássicos. Nessa altura Myles Kennedy and the Conspirators serão apenas uma banda de covers, da mesma maneira que Velvet Revolver nunca souberam suplantar o passado. A argumentação de como suplantar isso ultrapassa o espaço da crítica para aqui pedida, mas este tem sido o grande problema da carreira de Slash que oscila entre o revivalismo do lugar antes ocupado e a necessidade de se mostrar como um músico per se.

Resta avaliar o trabalho esquecendo o nome Slash e aí ele apresenta-se cinzentão, não porque faltem boas malhas, mas porque se estende e oferece dezassete temas, alguns dos quais descartáveis: “Battleground” é uma balada dirigida ao FM americano – quase extinto – ou aos saudosistas dele; “Iris of the Storm” começa com um piscar de olhos a “Sweet Child O’Mine” e passa para a balada a meio gás, a narrar o tédio. E são apenas alguns exemplos de gorduras que podiam bem ser cortadas em pós-produção.
Mas neste disco há também coisas engraçadas como “Dirty Girl”, um boa faixa para encher espaço e certamente excelente para um concerto ao vivo, pese todas as bandas de Hard Rock terem um tema semelhante em cada disco editado, mas pronto… E, claro, as faixas iniciais – “World On Fire” e “Shadow Life” – justificam plenamente a sua inclusão no início do disco. No fundo, este é um disco que ganhava bastante se perdesse algumas gorduras ou estas fossem remetidas para os saudosos b-sides dos 80 e 90.

Nota: 7/10 

Review por Emanuel Ferreira