Diz a sabedoria popular que o povo é quem mais ordena. E o povo, a quem foi dada oportunidade de se fazer ouvir no Amplifest, ordenou que fossem os Juseph os escolhidos para abrir a segunda sessão Post-Amplifest que contava com os Kadavar como nome grande da noite.
E foi com a pujança que lhes está no ADN que o grupo de Vale de Cambra se apresentou em palco para uma plateia já composta à qual quiseram proporcionar um excelente início de noite. Verdade seja dita, conseguiram.
Em noite de ditos populares, chegou a vez dos Picturebooks provarem que quantidade e qualidade não são, de todo, sinónimos, e que apenas dois músicos (bastante talentosos) são mais que suficientes para pôr de pé um concerto capaz de cortar a respiração. O duo entrou sem tempo a perder e deu início ao concerto com “PCH Diamond”, do seu mais recente álbum, lançado em há menos de um mês. Seguiu-se “Woman (Tears Of Gold)”, também presente em “Imaginary Horse”, numa prova que o par alemão tem orgulho no seu mais recente trabalho e muita vontade de o apresentar ao vivo. Tema após tema, a qualidade dos dois músicos foi sendo comprovada pela excelente interpretação dos temas, quase em jeito de hipnotismo. No final do concerto, o público estava convencido e, já na mesa do merchandise, eram vários os pedidos à banda para que voltasse assim que possível
Também da Alemanha chegaram os Kadavar para comprovar mais um famoso ditado. Já todos terão com certeza ouvido a mulher, a mãe, a avó ou até a chata da sogra afirmar que “3 é a conta que Deus fez”. Dúvidas houvesse, todas ficariam desfeitas com a entrada em palco do trio de Berlim que, apesar da curta discografia, apresenta enorme segurança em palco. “Liquid Dream”, do álbum de estreia, deu o pontapé de saída de uma banda focada em conquistar o público portuense que, diga-se, por esta altura já tinha visto muito boas atuações nesta noite fria mas cuja temperatura dentro da sala 2 do Hard Club era inquestionavelmente elevada. Seguiu-se “Living In Your Head” e, já do mais recente álbum, “Doomsday Machine”. O público estava a gostar e, em jeito de recompensa por marcar presença, teve direito a um novo tema, “Into The Night”. Sempre seguros de si, os Kadavar mostraram do que são feitos e não abrandaram em frente a um público que, embora nunca se tenha mostrado realmente conquistado, demonstrava estar a gostar do que via. A vantagem da curta discografia da banda é que houve tempo para tudo, entre as obrigatórias “Black Sun” e “Come Back Life”, para dar apenas dois exemplos. “Purple Sage” marcou a saída de palco do trio que voltaria a entrar passado uns minutos para mais dois temas, marcando “All Our Toughts” os últimos acordes da noite. Um concerto irrepreensível de uma banda com apenas 4 anos que parece existir há 20 e cujo potencial é ilimitado. Voltem, por favor!
Texto por Bruno Correia
Fotografia por Emanuel Ferreira
Agradecimentos: Amplificasom