About Me

Reportagem: Grog, Switchtense e Analepsy @ Paradise Garage, Lisboa - 24/10/2014


Enquanto há quem diga que o underground está morto, outros batalham dia após dia para provar precisamente o contrário. E foi exactamente isso que tivemos o prazer de presenciar nesta sexta-feira de Outubro: dois colossos do panorama metálico nacional e uma das mais recentes surpresas do nosso underground, numa das mais míticas salas da nossa capital, depois de ter estado em risco de ser cancelado devido a problemas relacionados com o local previamente anunciado para receber este evento.


Já no Paradise Garage, verificou-se um atraso significativo no início dos concertos, com os Analepsy a abrir as hostes. Esta recente banda lisboeta está agora a dar os seus primeiros passos, e em pouco mais de meia hora debitaram a sua sonoridade que incorpora elementos que vão do Brutal Death Metal ao Grindcore passando ainda pelo Slam, fazendo destes Analepsy uma das mais fortes apostas do nosso país, por ser uma sonoridade pouco explorada no nosso underground. Apenas formados no final do ano de 2013, os Analepsy lançaram recentemente o single "Genetic Mutations" e encontram-se em fase de preparação do primeiro EP. Esta banda, que conta com membros e ex-membros de bandas como Formaldehyde, Brutal Brain Damage ou Atheos God, deu um concerto tecnicamente competente e coeso, havendo ainda no entanto muito espaço para evoluir e desenvolver a sonoridade. E, apesar da fraca presença em palco, o ainda escasso público reagiu bem à sua actuação, havendo ainda tempo para uma cover de Pathology e para repetir o tema "Post-Incubation Period", em jeito de encore forçado, mas que arrancou as primeiras movimentações sérias da noite.



De seguida, directamente da Moita, o quinteto mais "rodado" de Portugal: Switchtense. Depois de mais de 10 anos no activo, estes senhores estão melhores que nunca. Com novo baterista, o espanhol António Pintor que entrou depois da saída de Xinês, os Switchtense não tiraram o pé do acelerador durante todo o alinhamento, que percorreu os dois álbuns de estúdio do colectivo da Moita, assim como o mais recente lançamento de comemoração do seu 10º aniversário. Passando pelos clássicos "State of Resignation" ou "Into The Words of Chaos", as já míticas "Face Off" e "Unbreakable" ou mesmo as mais recentes "The Right Track" e "Ghosts of Past", Hugo, Neto, Pardal e companhia debitaram o seu Thrash Metal moderno com apontamentos Groove e Hardcore, arrancando circle pits atrás de circle pits. Houve ainda tempo para falar sobre o futuro álbum de originais que contam lançar no decorrer do próximo ano e também para cantar os parabéns, obviamente numa versão thrash metal, ao guitarrista Pardal. É notória a vontade e o gosto que esta banda tem pelo nosso underground, e isso comprova-se em cada concerto que tocam.



E perto da uma da manhã sobe ao palco uma das mais míticas banda nacionais, com mais de 20 anos de carreira, os lisboetas Grog. Com o seu Brutal Death/Grind, deram início ao alinhamento com uma faixa nova, e mostraram logo o porquê do reconhecimento além fronteiras ganho nesta última década: são um grupo de músicos exímios, com uma técnica, coesão e dinâmica de tirar o chapéu. O grande problema aqui, que já vem sendo habitual neste espaço, foi sem dúvida a má acústica da sala, que com uma sonoridade como a destes senhores, chega a tornar-se penoso ter que lidar com todas as reverberações existentes e ignoradas, primando a máxima ignorante do "quanto mais alto, melhor". Um frenesim de blastbeats, guturais, riffs intrincados e agressivos, e o habitual poderio do baixo de Alex, foram a base para mais uma descarga de brutalidade desta banda, que abanou o Paradise Garage com clássicos de discos como 'Odes to the Carnivorous' ou 'Macabre Requiems' ou ainda do mais recente 'Scooping the Cranial Insides'. Contaram ainda com a ajuda do também mítico Jonhie Simbiose no clássico "Splashterized Autopsy", proporcionando um dos momentos mais memoráveis desta noite cheia de boas recordações, sorrisos e mosh, que acabou com saldo positivo e esperemos que não seja caso único.



Texto por Afonso Veiga
Fotografia por Tiago Barbas
Agradecimentos: Switchtense e Grog