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Melvins - "Hold It In" Review


Um novo disco dos Melvins é uma celebração. Não porque sejam, hoje, o mais inovador nome da música (longe disso), ou porque sejam possuidores de uma virtuosidade esmagadora, mas porque ao fim de três décadas de carreira se continua a ver que estes senhores não só são boa gente, portadores de uma atitude saudável e bem-disposta, como continuam a saber escrever boas músicas e malhas de gancho. Como amostra, logo o início deste “Hold It In”, com “Bride of Crakenstein” numa toada rítmica como há muito não se escuta em QOTSA – a banda de Josh Home deve algumas coisitas a estes Melvins - seguida de um solo de guitarra tanto manhoso como brilhante. Quando se pensa já ter percebido o caminho, esbarramos com a Pop despretensiosa de “You Can Make Me Wait” em que a toada leve, é salpicada com uns vocais que são toda uma antítese do que deve ser uma voz Pop. Esta odisseia musical continua com muito humor e malhas por cenários como a bluesy “Piss Pisstopherson”, terminando na destruição sonora de “House of Gasoline”. Por vezes quase uma enciclopédia de como fazer boa música, este décimo nono registo mostra como os The Melvins continuam a ser uma banda cujo som é bem diversificado e percorre múltiplos estilos musicais sem se perder a assinatura musical do grupo liderado por Buzz Osborne.

Talvez por esta forma enciclopédica de agregar estilos, seja difícil classificar o quarteto e este já tenha tido entre os seus membros, músicos como Jello Biafra (Dead Kennedys) ou Jeff Pinkus (membro desde 2013 e ex- Butthole Surfers), o que só revela a sua diversidade musical. Oriundo de Washington, contemporâneo da pré-história do Grunge – foi Osborne quem apresentou Grohl a Cobain – este é um dos grupos americanos mais criativos e diversificados dos últimos vinte anos da música norte-americana.

Curiosos, depois desta apresentação? É só escutar o rock pastilha elástica de “Brass Cupcake”, aqui e ali cortado por uns vocais punk que impedem o tema de ser executado nas rádios de playlist! É em temas como este que surge o génio dos Melvins: saber fazer música, fugir do lugar comum e mostrar que facilmente poderiam ter um cheque de royalties mais chorudo do que efectivamente é. No Compromise? Talvez. Eu prefiro o termo “artistas” com Atitude.

Nota: 8/10 

Review por Emanuel Ferreira