Os Opeth, juntamente com Mastodon, serão, porventura, dos poucos nomes da última década e meia que, oriundos de um underground mais extremo, conseguiram atingir uma dimensão significativa, ao ponto de terem uma exposição mediática de valor e encherem salas. A atestar a popularidade do grupo por cá, está a noite “Sold Out” em Vagos, na última edição do festival.
Músicos exímios – algo que os primeiros 3 minutos de “Pale Comunnion” não deixam esquecer – conseguiram, de forma genial, passar do território do death, para o progressivo, perdendo poucos fãs no processo. Atestada a admiração do escriba pelo grupo, pode-se, porventura, passar à análise de “Pale Comunnion”, o tal dos 3 minutos iniciais de boa música. É da faixa “Eternal Rains Will Come” que se trata. A isso pode-se juntar a orelhuda “Cusp of Eternity” e temos um par de faixas que muitos grupos dariam um ou dois membros para as poder escrever. Com “Moon Above, Sun Below” temos ainda uma boa peça de música, mas começa-se a pensar estar perante Opeth ou um grupo de bons músicos a fazer de Opeth? É que entre malabarismos musicais – por vezes a lembrar o mau de Dream Theatre – e coros a capella - para impressionar os fãs mais recentes – sente-se a falta da chama e ousadia que marcaram a carreira inicial do grupo, em nos deram, “Still Life”, ou, em menos de um ano, “Deliverance” e “Damnation”.
Chegados a “Goblin”, já só resta aguardar pelo final do disco – ainda faltam mais três faixas – e perdidos entre malabarismos musicais, olha-se para o tempo a ver se falta muito para terminar. É isto que são os Opeth aos vinte anos de carreira: uma banda com bons temas, excelentes músicos e… chatos. Muito chatos. Dirão os fãs, e com razão, que raros são os grupos com esta longevidade capazes de lançar um disco acima da média. De acordo nesse ponto, mas mesmo usando temas cada vez mais curtos, os Opeth em “The River” estão a anos luz de entusiasmar como no início da carreira onde, a cada novo disco, se tentava perceber qual o golpe de rins que Akerfeldt iria dar, para surpreender tudo e todos.
Chegados a “Faith in Others” resta a dúvida: Agradecer a Opeth por ainda fazerem álbuns, mesmo que entediantes e sem a chama dos anteriores ou esquecer que editam e procurar apenas as datas de concertos? Se em “Pale Comunnion” temos um bom disco na vertente prog, mas este revela-se um disco menor na carreira dos Opeth.
Review por Emanuel Ferreira