E aqui está, o álbum de estreia do power trio belga que nos apresenta uma mistura de punk/hardcore, com metal e até um certo rock noise experimental e alternativo. O tema título revela um pouco disto em relação à identidade, com um tema que poderia ter sido feito no final da década de noventa que ninguém estranharia. O som algo estranho exige algumas audições por parte do ouvinte, onde uma malha como a "Music For Hangover" pode enjoar logo à primeira pelo uso do mesmo riff sem variação drante quatro minutos, mas depois vai-se entranhando até que fica a martelar na cabeça mesmo depois da música parar.
Apesar do groove, elemento comum a todos os temas, não é fácil encarrilhar com a frequência em que os Missiles Of October, sendo que provavelmente muitos destes misseis falhem o álbum como na batalha naval. Ainda assim, há um certo encanto que a banda belga espalha que poderá tornar-se irresistível e que fará com que se volte mais vezes, mas para isso é mesmo necessário que se esteja espírito aberto e talvez seja essa a parte difícil. Faltam aqui ganchos para que o ouvinte fique imediatamente fisgado e esse é capaz de ser o grande handicap desta estreia. Esse e as vozes de Lionel Beyet (também baixista) e de Mathias Salas (também guitarrista), que acabam por ser demasiado unidimensionais.
A segunda metade do álbum revela-se mais explosiva e expansiva, mas não muda o sentimento geral deste "Don't Panic". Música que precisa de ser apreciada aos poucos e com cautela. Um pouco de distracção poderá fazer com que seja imediatamente posto de lado, o que além de ser uma pena, seria bastante injusto. Noise rock como há muito não se ouvia e a fazer lembrar instrumentalmente os nossos Mão Morta, se estes usassem bem mais distorção. A voz de Adolfo até que não ficava nada mal aqui. Sonhos à parte, "Don't Panic" é uma estreia que vale a pena conhecer.
Nota: 7/10
Review por Fernando Ferreira
