Os Epica são uma das bandas mais conhecidas e conceituadas no mundo do symphonic metal. Depois de comemorarem o seu décimo aniversário em 2013, a banda voltou com um novo registo onde reinventou o seu estilo único. A Metal Imperium esteve à conversa com Mark Jansen para saber mais acerca deste seu novo trabalho.
M.I. - Para além do novo álbum, lançaram o DVD, Restrospect, com a finalidade de comemorar os 10 anos de carreira. Como explicam a vossa evolução desde o lançamento do primeiro registo até ao The Quantum Enigma?
Nós sempre trabalhamos arduamente com o objectivo de continuar a crescer como banda, como músicos e como pessoas. Musicalmente evoluímos para uma direcção mais pesada. Quando comparamos o primeiro álbum The Phantom Agony com o último The Quantum Enigma ouvem-se claras diferenças, tanto em termos sonoros como em sabedoria. Equiparando, o nosso novo trabalho baseia-se muito mais na guitarra, no entanto, sempre mantivemos as nossas influências sinfónicas.
M.I. - Porquê a escolha de Joost van der Broek para produtor para o novo registo?
Eu conheço o Joost há muito tempo e sempre segui o seu trabalho, desde que ele tocava teclados nos After Forever. É muito talentoso, não só como músico mas também como produtor e compositor. Optamos por trabalhar com ele porque queríamos uma “lufada de ar fresco” no nosso processo de gravação e evitar que nos repetíssemos. O Joost parecia ser o homem certo no lugar certo e, como motor essencial neste procedimento, deu-nos muito bons conselhos. Por último, mas não menos importante, também estruturou as músicas connosco.
M.I. - Apesar de não ser um álbum conceptual, qual a relação do The Quantum Enigma com a física quântica?
A física quântica mostra que não podemos observar o (quantum) mundo sem influenciá-lo. Assim, o acto em si de investigação é o suficiente para afectar o comportamento das pequenas partículas. À medida que são produzidas todas estas partículas, nós podemos questionar o que é que este factor implica para o mundo como nós o conhecemos. Eu acredito que tudo em redor no mundo é apenas trabalho e tem este aspecto à medida que o observamos.
M.I. - Enquanto Requiem for the Indifferent é um álbum com fortes influências no metal progressivo, The Quantum Enigma é mais sinfónico e pretensioso. Podes esclarecer-nos acerca desta diferenciação?
Nós não queríamos fazer outro Requiem for the Indifferent e procuramos novas maneiras de expandir o nosso som e experimentar novos caminhos.
M.I. - Qual foi a maior inspiração para compor as músicas do álbum? Em especial a faixa The Fifth Guardian, que possui uma forte influência asiática.
A nossa inspiração pode vir de tudo: um passeio na natureza, um filme ou um livro. The Fifth Guardian foi uma ideia do Coen, ele sugeriu que usássemos influências asiáticas na introdução para a Chemical Insomnia, a fim de a tornar mais interessante. E resultou bastante bem.
M.I. - Foi a primeira vez que Robert van der Loo esteve envolvido na composição de um registo da banda. Como foi esta experiência?
O Rob é muito talentoso e também parecia ser um grande compositor. Tenho a certeza que ele vai escrever muito mais para a Epica no futuro. Ele é um baixista com um talento natural e acrescentou muito ao som da banda. Além disso, ele é um rapaz muito simpático.
M.I. - Como surgiram as várias colaborações presentes neste novo álbum, tais como Daniël de Jongh (Textures) e Marcela Bovio (Stream of Passion)?
O Daniël foi também uma ideia do Coen, com o objectivo de acrescentar algo mais ao The Quantum Enigma, o que também resultou muito bem. A Marcela já trabalhou muito com o Joost e também a conhecíamos através de uma tour que a sua banda fez com os Epica, além disso, participou no álbum dos MaYan, Antagonise (um projecto de alguns membros dos Epica, incluído eu). Ela tem uma voz fantástica que resulta numa boa combinação com a voz da Simone, então ela fez as vozes de apoio, que no passado eram feitas pela Amanda Somerville.
M.I. - O álbum possui um artwork produzido por Stefan Heikemann, bastante complexo e carregado de simbologia. De que maneira as suas ilustrações se interligam com o conteúdo do registo?
Nós demos ao Stefan muita liberdade para criar o nosso artwork, explicamos-lhe as letras e ele deu início ao trabalho. Mais uma vez surpreendeu-nos com o seu trabalho. Todas as coisas sobre o qual escrevemos eu consegui encontrar representadas na capa, muitas vezes ligadas à simbologia. É esse o forte do Stefan e de certeza que vamos continuar a trabalhar com ele no futuro.
M.I. - Numa recente entrevista disseste: “descobrirmos a importância de trabalhar juntos como uma equipa”. Podes clarificar-nos acerca desta afirmação?
Durante os últimos anos trabalhamos mais individualmente nas nossas músicas. Desta vez, intensificamos o trabalho nas faixas de cada um, levando o nosso trabalho para um nível seguinte. É por isso que foi tão importante mudar a forma como trabalhávamos. Fazendo com que todos os membros se envolvessem mais no trabalho, deixando-nos também mais orgulhosos com o resultado final. Toda a gente foi importante para este álbum!
M.I. - Tendo sido a Simone mãe pela primeira vez, como foi conciliar a maternidade com a produção do álbum e os vários concertos? Teve alguma influência na composição do mesmo?
Decididamente que tivemos de mudar alguns horários e também trabalhamos na casa da Simone, visto que ela não podia viajar. Mas não foi assim tão difícil e tudo correu muito bem. A contribuição da Simone nas letras deste novo álbum foi um pouco menor, se compararmos com os trabalhos anteriores, no entanto, ela fez um trabalho incrível.
M.I. - Por último, estiveram no festival Vagos Open Air no passado mês de Agosto, como foi repetir essa experiência? Ansiosos por rever o público português em Novembro?
Sim! Estamos muito ansiosas para voltar de novo a Portugal. Vagos foi uma grande experiência e os fãs deram-nos uma recepção emocionante!
Entrevista por Patrícia Torres
