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Cynic – "Kindly Bent To Free Us" Review


Os Cynic dispensam apresentações. Porventura foram eles, juntamente com Atheist que criaram o conceito de Death Metal progressivo, através da edição do excelente Focus no já longínquo ano de 1993. A forma como misturavam a raiva e força do Death Metal com a fusão de elementos e uma técnica assinalável, gerou-lhes um estatuto quase de culto, que foi também reforçado pelo enorme hiato que separou a edição desse disco do seguinte Traced In Air de 2008. Serve isto para dizer que os Cynic merecem todo o respeito e mais algum, o que não impede que este "Kindly Bent To Free Us" seja uma valente seca. É-o à primeira escuta, continua a sê-lo à segunda, e a partir daí as audições vão-se repetindo numa tentativa algo vã em tentar que o disco cresça nas nossas cabeças.

Não é por terem deixado de lado o metal e se terem transformado numa banda de rock progressivo. Afinal de contas esses sinais já eram por demais evidentes em "Traced in Air", e ainda mais com os 2 EPs que se lhe seguiram, o que não foi impedimento para que esses lançamentos tenham sido bem interessantes. É sim a ideia de que "Kindly Bent to Free Us" é um disco quase desprovido de vida, demasiado polido e perfeitinho. Embora parecendo quase uma contradição tendo em conta o estilo de musica aqui presente, este é um disco que chega mesmo a ser monótono e unidimensional, quase como que se de musica de fundo se tratasse, sem muitos argumentos para conseguir captar a nossa atenção. Curiosamente essa atenção até consegue ser captada com o inicio de "Moon Heart", "Sun Head", devido a uma linha melódica assustadoramente similar a T"he Mighty Masturbator" do Devin Townsend.

Não é uma escuta desagradável, bem longe disso, afinal é de Cynic que falamos. É sempre bom ouvir um disco de rock em que o baixo se porta como um instrumento a sério, e não um simples apoio rítmico que passe despercebido, ou um baterista que consegue, sem ser demasiado exuberante ou espalhafatoso, prender-nos com simples pormenores, que em teoria parecem quase impossíveis. Isto já para não falar do jogo de guitarras de Masvidal que é o que se sabe, mas é curiosamente na voz do também vocalista que reside outro dos catalisadores para a insipidez de "Kindly Bent To Free Us", chegando mesmo ao ponto de suspirarmos pela voz computorizada de Focus, de forma a quebrar a monotonia.  

Porventura os músicos irão dar mais valor ao disco do que o comum apreciador de musica, ou talvez não. Um das desilusões de 2014.  

Nota: 6/10

Review por António Antunes