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Vintage Caravan - "Voyage" Review


Não será com este álbum que é oficial o que vou dizer, mas apetece marcar território: o retro é uma moda que mais cedo ou mais tarde vai enjoar e desaparecer. E é pena porque não será sobretudo por causa de propostas como este "Voyage" dos Vintage Caravan, mas como a história nos ensinou, os fortes sobreviverão - nem sempre justamente, mas isso já é outra questão. A banda é um power trio islandês, extremamente jovem, com uma média de idades de vinte anos e este voyage é já o seu segundo álbum, lançado em 2012 por uma das maiores editoras da Islândia, facto que mesmo assim não fez com que o álbum cruzasse as suas fronteiras. Apenas o ano passado a Nuclear Blast os ficou a conhecer e ofereceu-lhes um contrato imediatamente.

O álbum é reeditado e disponibilizado para todo o mundo e ainda bem porque apesar de ser um som assumidamente retro, é daqueles que nos faz ter nostalgia por temos em que não vivemos - aquela história dos tempos em que a música era pura e boa, virtuosa e profunda, etc, etc. Temas como "Craving" e "Let Me Be" têm aquele feeling bem hard rock dos anos setenta, mas é com "Do You Remember" e "Expand Your Mind" que o power trio surpreende e vicia. O primeiro é uma balada bem vintage, a lembrar os melhores momentos dos Eagles, Free ou Bad Company. A batida de "M.A.R.S.W.A.T.T." parece ter saído de um álbum de Z.Z. Top - embora a voz desfaça um pouco essa comparação - com um grande solo.

A eficácia dos músicos é outro ponto de destaque, não por ser tudo ali ao pormenor, como a eficácia nórdica exige, mas por ter toneladas e toneladas de feeling. Genuíno. Uma homenagem a bandas como Sabbath, Cream, Deep Purple, Bad Company, mas mais do que isso, e é nesta parte que faz toda a diferença, não é um simples copiar o que foi feito. É um adicionar que traz mais valor ao que já foi feito. Malhões como "Cocaine Sally" (boogie blues rock), "Winterland" (a fazer os primórdios de Scorpions, com Uli Jon Roth na banda) e principalmente "The Kings Voyage" (que tem os devaneios de King Crimson, Hawkwind e Yes escritos por todo o lado). Um álbum surpreendente que nos faz agradecer pelo retro ser uma moda. Se não fosse, talvez não o estivessemos a ouvir agora.


Nota: 9/10

Review por Fernando Ferreira