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Reportagem: Iced Earth, Warbringer, Elm Street @ Paradise Garage, Lisboa - 18-01-2014


Na sequência dos dias e noites anteriores, foi também envolvidos pelo frio e chuva que os Iced Earth chegaram a Lisboa para uma segunda actuação no espaço de cinco meses, após o entusiasmo e agrado gerados pelo excelente concerto na mais recente edição do Vagos Open Air. A acompanhar os experientes americanos, estiveram os compatriotas mais jovens Warbringer, bem como os australianos e responsáveis pelo pontapé de saída do evento, Elm Street.


Surpreendendo muitas pessoas, os Elm Street subiram ao palco do Paradise Garage antes das 21 horas para darem início às hostilidades. Aproveitando uma boa oportunidade para apresentarem o seu Heavy Metal pela Europa, na companhia de um nome tão importante como Iced Earth, os jovens que viajaram dos Antípodas, e que contam com apenas um álbum de estúdio, «Barbed Wire Metal», tentaram não deixar os seus créditos por mãos alheias, procurando aquecer um ambiente que estava necessitado disso mesmo. Apesar de bons momentos musicais, melodias interessantes de guitarra e uma entrega indesmentível de quem tenta cativar novos públicos, não conseguiram agitar por aí além uma sala ainda a (menos de) meio gás. Timidamente, a assistência foi acompanhando o curto concerto da banda, mas claramente a resguardar-se para mais tarde. No entanto, não obstante a acalmia reinante, de um modo geral ficou uma ideia positiva e simpática sobre os Elm Street. 




Dali até ao concerto de Warbringer foi um salto. Com a sala bem mais preenchida e que caminhou rapidamente para números muito bons, os thrashers trataram de explicar o porquê de serem um dos colectivos com mais adeptos de entre aqueles que, nos últimos anos, apareceram a praticar Thrash Metal a lembrar outros tempos. Com um dos guitarristas hospitalizado, e com justa referência a isso mesmo por parte do vocalista John Kevill, os californianos de modo algum sentiram a ausência de uma guitarra e trouxeram na bagagem uma dose bruta de guerra, dando um concerto repleto de intensidade, com muito headbanging e mosh a envolver os seus fãs. «Empires Collapse» é o nome do seu quarto e mais recente álbum de originais, tendo sido nesse registo que se centraram neste regresso ao nosso país, mas com tempo para visitarem também os trabalhos anteriores, numa setlist necessariamente reduzida. No pano de fundo lia-se “Iced Earth”, mas os Warbringer agarraram completamente o seu momento, justificando toda a atenção de um público que, visivelmente, os apreciou, despedindo-se da banda com fortes aplausos.



O texto começou por fazer referência à visita dos Iced Earth a Vagos, no passado mês de Agosto, noite em que granjearam grande apoio devido a um concerto, de facto, de enorme qualidade. Comentou-se nos últimos dias que o alinhamento de temas da actual tour ficava a dever algo às expectativas criadas, mas há que compreender que uma banda com álbum novo, o 12º em quase trinta anos, precise de o promover e não possa tocar só faixas mais antigas que, em teoria, todos nós esperamos ouvir. E foram muitas vezes ao passado, diga-se em abono da verdade! Porém, é também óbvio que todos os discos têm grandes músicas, e que o concerto seria sempre composto por momentos de altíssimo nível. E assim ficou provado. O som pareceu exageradamente alto, mesmo à americana, mas a qualidade dos músicos é irrepreensível e é sempre fantástico observar tamanho profissionalismo sobre um palco. Jon Schaffer, com o seu ar de poucos amigos, e Stu Block, no uso versátil e brilhante da sua voz, são claramente os comandantes desta viagem coberta de Heavy Metal, com riffs e ritmos absolutamente épicos. A banda não comunicou muito, concentrando-se naquilo que estava ali fazer, e as visitas ao novo «Plagues of Babylon», «Something Wicked This Way Comes» ou a «The Dark Saga» iam-se sucedendo, sempre lado a lado com grande participação do público, que viveu intensamente o concerto. Na verdade, até para lá do aceitável aquando de “Dystopia”, o primeiro tema do encore. Um momento de maior tensão na zona do mosh, que deixou a banda meio sem jeito, mas que não afectou a parte final do espectáculo com “Watching Ove Me” e “Iced Earth” a terminarem de forma abrasadora um belo concerto de aço, enquanto lá fora a temperatura se situava uns graus mais abaixo. 


Texto por Carlos Fonte e Diana Fernandes
Fotografias por Diana Fernandes
Agradecimentos: Prime Artists