O regresso dos Dream Theater ao nosso país, seja no Porto ou Lisboa, é sempre recebido com o mesmo entusiasmo. O que cá fora parecia ser uma tímida multidão cá fora, toda concentrada e abrigada na entrada do Coliseu, por causa da chuva, foi o suficiente para praticamente encher a mítica sala da cidade do Porto. os horários foram todos cumpridos na perfeição, com as portas a abrirem às oito e meia e o espectáculo a começar exactamente uma hora depois. Entretanto, antes do início, o palco estava composto com uma tela enorme que mostrava estrelas e que ia mudando acrescentando vários elementos, sendo que o mais saudado foi o símbolo da banda, celebrado como se fosse a própria banda que tivesse entrado em palco.
O início deu-se com a instrumental que inícia o novo álbum, a "False Awakening Suite", numa versão orquestral, acompanhada por um video que caminhou por todo o trabalho gráfico dos álbuns da banda, onde cada representação foi recebida como um velho amigo - os que tiveram a recepção mais calorosa terão sido mesmo "Metropolis Pt2: Scenes From A Memory" e o "Train Of Thought" - e com o seu fim, na capa do novo e auto-intitulado álbum, caiu o pano e entra "The Enemy Inside" levando a multidão ao rubro. Sem tempo para respirar, surge logo uma "The Shattered Fortress, surpreendendo mas também muito bem recebida. Ainda só tinham passado duas músicas e o público já estava completamente rendido, chegando a vez de James LaBrie se dirigir pela primeira vez, referindo como é bom visitar o nosso país mais uma vez, e o Porto (depois queixando-se apenas de que nestes anos todos ainda não teve oportunidade para visitar a cidade como a mesma merece e que pela recepção que a banda tem, dá-lhe vontade de ficar por cá e apreciar o vinho do Porto sem correrias).
A próxima música foi apresentada como tendo sido nomeada para os Grammys, "On The Back Of Angels", talvez o momento mais bem recebido do anterior álbum "A Dramatic Turn Of Events" que levou à segunda incursão ao último trabalho (sem contar com a intro), sendo agora escolhida a "The Looking Glass", com aquele riff de guitarra que encaixou perfeitamente no seguimento. Visitanto um passado mais distante, revisitaram a "Trial Of Tears", com arranjos pouco habituais no que diz respeito aos sons de teclado, mas que não lhe retirou em nada a sua excelência. Destaque também tem de ser feito para o o trabalho do ecrã gigante que ilustraram esta noite, talvez pecando por nem sempre mostrar a banda nos momentos certos (houve uma música em que simplesmente não conseguiam acertar com o paradeiro de Jordan Ruddess, este justificando o título de Wizard), mas mesmo assim também com o saldo positivo. A instrumental "The Enigma Machine", por exemplo, foi acompanhada por um vídeo de animação, paródia a "Spy Vs Spy", chamado de "DT Vs DT", tendo direito a um curto solo de bateria de Mike Mangini - sendo esta a terceira visita ao nosso país com Mangini na bateria e estando o baterista devida integrado na banda, já é algo que parece ser desnecessário.
Seguiu-se o tema que dá nome à digressão, "Along For The Ride", e a finalizar a primeira parte, "Breaking All Illusions", a segunda visita ao "Dramatic Turn Of Events". Um cronómetro em contagem decrescente mostrava que se tinha quinze minutos mas antes que o mesmo findasse, o público foi presenteado com uma série de pedaços de videos do youtube, paródias à banda, demonstrando o seu bom humor e o alcance que a banda tem, tendo pessoas um pouco por todo o mundo dispostas a aprender a tocar e cantar as suas músicas. O início da segunda parte dá-se com a sequência "Mirror" e "Lie", recebidas com euforia. No final das duas, LaBrie explicou que fazia vinte anos que o álbum "Awake" tinha sido lançado e que eles iam tocar mais algumas desse álbum, continuando com a "Lifting Shadows Of A Dream" e "Scarred", mas a grande surpresa viria com o tema "Space-Dye Vest", a música inteiramente composta por Kevin Moore, a última que fez com a banda (saiu antes das pistas de voz terem sido gravadas por LaBrie, embora Moore tenha gravado a voz para esta). Por isso, por ser uma música de Moore e por representar a altura em que ele já não queria estar na banda, a música nunca foi tocada ao vivo pela banda - seria tocada por Ruddess e LaBrie cerca de três anos atrás nos Estados Unidos, mas pela banda completa, foi tocada pela primeira vez em vinte anos, no nosso país.
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A segunda parte termina com mais um dos grandes momentos da noite, a "Illumination Theory", provavelmente o melhor tema do último álbum, tocada no esplendor dos seus vinte minutos. Uma pausa para descanso e para encore, o calendário recua até à data de 1928, para delírio do público, apresentando a abertura instrumental do álbum "Metropolis Pt.2", "Overture 1928", logo seguida, como não podia deixar de ser, pela "Strange Déjà Vú". Seguiu-se a instrumental "Dance Of Eternity" e a noite finalizou-se como "Finally Free" a melhor forma para terminar a secção e, em certa medida, o concerto. Três de horas de concerto, uma noite como os Dream Theater há muito não proporcionavam no nosso país, uma noite de magia.
Texto por Fernando Ferreira
Fotografias por Tiago BarbasAgradecimentos: Prime Artists e PEV Entertainment