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Watain - "The Wild Hunt" Review


Como já devem ter reparado, The Wild Hunt, o novo registo dos suecos Watain está a dar que falar, e bem. As razões são as de sempre, a velha história das aspirações e ambições dos músicos e suas bandas, ainda para mais quando o estilo em questão é o black metal. Quando assim é, a linha que separa alguma aceitação de um suposto hype pode ser bem ténue, e os fãs mais acérrimos fazem questão de não esquecer isso.

Daí que o caso dos Watain se enquadre entre tantos outros que de repente passaram de bestiais a bestas, e se é verdade que Lawless Darkness já dava mostras de uma divisão algo extremada nas opiniões sobre a sonoridade da banda, The Wild Hunt vem acentuar ainda mais essa disparidade de julgamentos.

No entanto, e pese embora as óbvias mudanças que têm vindo a ocorrer desde há uns tempos para cá, dizer que a sonoridade de Watain 2013 é inteiramente oposta aquela que Rabid Death’s Curse, o seu disco seminal introduziu, será porventura pouco correcto, na medida em que muitos dos elementos continuam bem evidenciados neste disco. Só que os músicos por norma tendem a evoluir, tanto a nível técnico como de gostos, e é isso que The Wild Hunt acima de tudo representa, uma evolução, para bem ou para mal isso são outras contas, mas acima de tudo são hoje uma banda mais madura.

Quando um disco começa com os breaks de um tema como De Profundis então as expectativas ficam desde logo elevadas consideravelmente. Desde logo se nota uma produção bastante trabalhada, ainda para mais quando comparando que a maioria dos lançamentos do género, ainda assim os Watain não se coíbem de demonstrar todo o peso e negrume da sua sonoridade através de um riff demolidor e da voz raivosa de Erik Danielsson declamando poesia vinda dos confins dos infernos.

Seguem-se Black Flames March e All That May Bleed, temas Watain vintage, apoiados em excelentes riffs, com o ultimo a ter uma boa probabilidade de se tornar um clássico da banda. Mas é logo com o tema seguinte, A Child Must Die é que começa toda a polémica. Nestes 6 minutos vemos os Watain tentar algo mais acessível, nunca antes visto na discografia da banda. Uma semi-balada com um interlúdio de guitarra sublime. Para “piorar” a situação, logo de seguida somos brindados com um longo épico de 8 minutos intitulado They Rode On, onde os Watain prestam a sua homenagem (propositadamente ou não é a grande duvida) a Quorthon, numa lenta e arrepiante marcha viking que conta com vozes femininas, algo inédito na história do colectivo.

Mais para a frente temos a faixa título, num compasso lento quase hipnótico, mais uma vez a mostrar esta nova costela viking dos Watain, para logo a seguir os tribalismos de Outlaw quase nos levarem a crer estarmos na presença de um dos discos recentes de Rotting Christ.

Mas com mais ou menos déjà vus a verdade é que nunca a identidade Watain é posta em causa, e com estas brincadeiras a banda acaba mesmo por escrever um excelente disco, talvez o melhor da carreira, o mais diverso será de certeza. The Wild Hunt vale mesmo pela força e qualidade dos seus 11 temas, sendo que dificilmente algum caberá na categoria de filler. The Wild Hunt será o disco que provavelmente catapultará os Watain para outros voos, mas que os afastará ainda mais da sua base de apoiantes mais acérrimos. O mundo pode ter perdido um colectivo de puristas mas em compensação ganhou um clássico de Black Metal moderno.

Nota: 9/10

Review por António Salazar Antunes