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Code - "Augur Nox" Review


Os Code são uma banda intrigante. Com uma forte costela black metal conseguem chegar a um porto que talvez muitos fãs dos Arcturus desejariam que a banda norueguesa chegasse, a sítios com muito peso. É o que se passa aqui, os Code, com este seu terceiro trabalho (o tal definitivo, do vai-ou-racha) tem um pouco o espírito avant-garde dos Arcturus mas não descuram a parte do peso a favor do experimentalismo sónico e teatraol tal como os noruegueses. A comparação com Arcturus não surge apenas do instrumental. A voz de Wacian é um misto de Garm com o ICS Vortex (ambos passaram pelos Borknagar, sendo que Vortex ainda está na banda enquanto Garm está nos Ulver, duas bandas que também são lembradas ocasionalmente em certas músicas, principalmente os Borknagar) e é uma voz, em qualquer dos registos (limpo ou à la black metal), que acenta na perfeição aqui.

Continuando o raciocínio do início do parágrafo, outra das razões pela qual esta banda é intrigante é a sua origem inglesa, que faz ter um pouco de esperança nas terras de sua majestade no que ao panorama progressivo diz respeito. Dito isto, este "Augur Nox" funciona como um álbum conceptual, mas daqueles difíceis de encaixar, seja pelas letras algo... peculiares assim como a música em si, que é tudo menos imediata, sendo necessárias algumas audições para que certos temas entrem. Ou seja, sofre de falta de ganchos (quer na forma de melodias vocais, refrões, quer na forma de riffs ou passagens instrumentais que se agarrem ao cérebro) mas isso não quer dizer que seja forçosamente uma coisa má. Quer dizer, não funciona a seu favor, para cativar os mais impacientes, mas para aqueles que gostam de música desafiante e de senti-la a crescer dentro de si, então este álbum está mesmo no ponto.

Coesão instrumental, numa série de temas que remam todos para o mesmo sentido e que são todos essenciais nesta obra, inclusivé os instrumentais ambientais "Dx" e "Rx", fazendo de "Augur Nox" uma hora (ou pelo menos aproximadamente uma hora) que se transforma em incontáveis horas de prazer, com diversas nuances mas todas elas resultando entre si, todas elas puxando por mais. "The Lazarus Chord" e "Garden Chancery" são dois bons exemplos disto mesmo, sendo que a primeira tem um feeling melancólico e emocional e a segunda é um tema mais arisco mas mesmo assim bem complexo. É um puzzle apaixonante este terceiro trabalho dos britânicos, que vai viciar por muito tempo.


Nota: 8.6/10

Review por Fernando Ferreira