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Avatarium - "Avatarium" Review



Com os Candlemass um pouco afastados das lides discográficas ("Psalms For The Dead" é supostamente o último álbum de estúdio da banda) e depois da mudança de vocalista - Rob Lowe foi despedido devido a más prestações nos concertos da banda sueca e substituído, pelo menos ao vivo, pelo não menos mítico Mats Léven - surgem os Avatarium. O facto de não haverem mais álbuns dos Candlemass, apesar de poder ter sido um bald de água fria para os fãs, também não foi totalmente inesperado, já que os últimos trabalhos da banda não estavam ao nível desejado e com Leif Edling, líder e fundador, a querer deixar o legado da banda num nível elevado. No entanto, não seria de esperar que alguém como Leif Edling ficasse em branco criativamente. Assim surgem estes Avatarium.

Assim que surge o riff grandioso de "Moonhorse", tem-se a certeza de que o doom continua a ser a orientação principal do baixista, que aqui se reuniu com uma série de amigos, tais como Lars Sköld (baterista dos Tiamat e dos Jupiter Society, ao vivo, onde também Leif toca), Marcus Jidell (ex-guitarrista dos Candlemass e Evergrey), Carl Westholm (teclista dos Jupiter Society e Krux, outra banda de Leif Endling) e para finalizar, o melhor, a desconhecida Jennie-Ann Smith, que é sem dúvida uma das principais razões pelas quais este álbum e esta banda constitui uma das grandes surpresas deste ano. Doom metal com um certo toque de rock clássico dos anos sessenta e setenta, completamente irresistível.

A intensidade e a beleza com que Jeannie-Ann espalha, esbanja mesmo, neste álbum é impressionante. E esta não é uma conversa machista devido ao seu bom aspecto, que o tem inegavelmente. A primeira audição, feita sem qualquer fotos, sem qualquer informação, foi com um impacto tal, que não há mais nada que se possa assemelhar a não ser o impacto que a magia da música tem no ouvinte. Fragilidade e força, sensualidade a rodos, de uma forma que não é própria ouvir no metal, não sendo propriamente a fórmula da donzela frágil ou da mulher sedutora, mas mais como o elemento daquilo que é o espírito feminino a cantar num mundo de homens, não se colocando à parte dele, não havendo combate de sexos mas sim uma uniformização da entidade que é Avatarium. Tristeza, melancolia, encanto, peso e melodia - "Bird Of Prey" é um excelente exemplo disto.

O espírito Sabbath sempre presente, o que é esperado e até ansiado, que até surge algumas vezes quase como rip-off (um dos riffs da "Moonhorse" é decalcado na "Sabbath Bloody Sabbath"), mas que tal não importa porque soa bem. Aliás, sete músicas, quase todas acima dos seis minutos e soa tudo bem, soa tudo essencialmente perfeito, em perfeita harmonia. A conjugação das melodias que Jidell debita, oscilando entre os riffs monolíticos e um espírito quase próximo do folk, progressivo, é muito bem conseguida, o que mostra que o doom, apesar das suas aparentes limitações, é um estilo inesgotável. Desde que exista talento e aqui existe a rodos. Grande álbum, um que ficará sem dúvida na corrida para o melhor do ano.
 
Nota: 9.6/10

Review por Fernando Ferreira