Raymond Westland, da revista Ghost Cult, entrevistou recentemente o vocalista dos Sepultura, Derrick Green. Aqui fica o resumo dessa entrevista:
GC: "The Mediator Between Head And Hands Must Be The Heart" é um álbum muito vivo e sombrio. Confirmas?
Derrick: Realmente, não sei. O álbum foi gravado em Venice Beach, na Califórnia. Muito do material foi escrito em São Paulo no Brasil. Havia muitas coisas a acontecer no mundo nessa altura. Tivemos a eleição do novo Papa e muita revolta social devido ao Campeonato do Mundo e Jogos Olímpicos que se avizinham e, especialmente, devido à actual corrupção. Grande parte do dinheiro é investido em estádios enquanto a população reclama por escolas e hospitais. Muito do material surgiu através das coisas que aconteciam ao nosso redor. Outro grande factor é o nosso baterista, Eloy Casagrande. Compor músicas com ele trouxe muitas mudanças. Ele gosta muito de tocar metal e é apaixonado por isso. É muito jovem e a energia que ele trouxe, ajudou-nos a melhorar as nossas qualidades. Ele queria mesmo deixar a sua marca e isso fez do novo álbum um pouco diferente dos antigos, acho eu. O sonho dele era tocar nos Sepultura e nós precisávamos muito desse tipo de impulso e ele trouxe isso.
GC: Ross Robinson produziu o novo álbum. Ele tem uma certa reputação de levar as bandas ao limite mental de forma a captar a melhor performance possível. Como é que ele se saiu com os Sepultura?
Derrick: Ele já se sentia à vontade com o Andreas (Kisser, guitarra) e o Paulo [Xisto Pinto Jr.). Já tinha gravado com eles aquando do álbum "Roots", por isso já estava familiarizado com o trabalho interno dos Sepultura. Ele falou-lhes de como o "Roots" tinha mudado a sua vida e de como lhe tinha aberto várias portas como produtor. Nesta segunda vez, ele queria realmente fazer um álbum diferente do "Roots", mas com o mesmo tipo de energia. Ele já sabia do que éramos capazes. Ele estava connosco na sala enquanto gravávamos os nossos instrumentos e, literalmente, puxava por nós fisicamente. Perguntava constantemente por que motivo é que certas partes e certas palavras apareciam na canção. Nós revíamos as letras juntos, com todos presentes na sala. Foi algo que nunca fizemos. Eu escrevia as letras e estava pronto, só isso. Ele perguntava ao Eloy ou ao Paulo o que as letras significavam e se eles se conseguiam identificar com elas. Antes de começarmos ele dizia que não sentia emoção por trás de uma certa letra. Ele dizia, "Dêem tudo de vós ou não dêem nada". Vivemos momentos particulares. Este álbum é sobre liberdade e muitas energias diferentes, e existem várias pessoas que confiam na nossa música para as ajudar a lidar com o seu dia-a-dia.
GC: A banda está a celebrar o seu 30º aniversário. Têm planos para algo especial, como uma box set de raridades ou um DVD especial?
Derrick: Nós vamos na verdade gravar um DVD no Rock In Rio com um grupo de percussionistas franceses, e quando finalizarmos o actual ciclo de tours do novo álbum com o Eloy, vamos sentar-nos e pensar em algo especial, como termos algumas pessoas do passado dos Sepultura e tocarmos num bom local. Isto é algo que estamos a pensar há algum tempo, mas, como disse, temos de finalizar o actual ciclo de tours do novo álbum, porque sinto que o nosso novo álbum vale realmente a pena. Precisamos de sair e tocar estas novas músicas. Escrevemos estas músicas e gravámo-las em estúdio, mas tocar ao vivo é algo completamente diferente. Precisamos de ter esta experiência primeiro e acho que várias destas músicas farão parte do próximo DVD dos Sepultura. Mas sim, celebrar 30 anos da banda iria incluir um belo local e vários convidados especiais (risos).
Por: Bruno Porta Nova - 04 Outubro 13