Oriundos da Alemanha, os Burnpilot apresentaram-se no Musicbox naquela que era a sua estreia em Portugal, sendo aquele o primeiro de 3 concertos no nosso país. A apoiá-los naquela data contavam com os Portugueses Surveillance que, quando faltavam cerca de 10 minutos para as 23 horas entraram em palco dispostos a demonstrar que poucos músicos não é sinónimo de música simples ou monótona.
Pelo contrário, o duo composto por Tiago Martins e Inês Lobo mostrou-se capaz de fazer mais barulho do que muitas bandas. Barulho do (muito) bom, diga-se. Com 30 minutos de tempo disponível, os 2 músicos apresentaram o seu único registo até à data, um EP homónimo lançado o ano passado, e tiveram tempo ainda para dar a conhecer um tema novo que estará inserido num próximo trabalho que verá a luz do dia em Setembro. Em palco, mostraram-se profissionais e enérgicos, não ligando à adversidade que se prendeu com o pouco público que, ao longo de toda a noite, se podia facilmente contar apenas com os dedos das mãos. O som da sala não estava ainda nas melhores condições mas nem isso impediu a transmissão de energia causada pelo som algo experimental aliado a bastante psicadélico e a um foco na parte instrumental, sendo as poucas vozes divididas por ambos os músicos. O pouco público que marcava presença parecia gostar e à pergunta "P'ra partir ou mais calminha?", não hesitaram em responder de imediato "P'ra Partir!", ao que a banda correspondeu naquele que era já um dos últimos temas da noite para os Surveillance, altura de Tiago Martins trazer o seu baixo para junto do público (e dos Burnpilot, que fizeram questão de ver o concerto da mesma perspectiva) e tocar as últimas notas cá em baixo, visivelmente contente pelo seu desempenho.
O tempo ia passando mas, nem isso fazia com que a sala do Cais do Sodré ficasse mais composta sendo que às 23:30, a hora do início do concerto dos Burnpilot, o número de pessoas mantinha-se inalterado, facto esse que, mais uma vez, não impediu a banda de se dedicar ao espectáculo com profissionalismo e com uma energia que parecia inesgotável. A mudança no palco foi breve e em apenas 10 minutos o trio alemão estava pronto para hipnotizar quem marcava presença no Musicbox nesta quente noite de Verão. Talvez motivados pelo calor, ou talvez por tradição, os 3 elementos apresentaram-se em palco descalços e assumidamente prontos para 1 hora de descarga abrupta de energia em forma de decibéis. Ao contrário do que talvez fosse de esperar, o foco do concerto não passou por "Passionate", o último álbum da banda lançado em 2012, sendo, em vez disso, um desfilar de vários temas dos vários álbum que em comum pareciam ter o prazer que davam a cada um dos músicos em palco. O som tinha entretanto melhorado e todos os elementos eram claramente perceptíveis. Apesar de todos serem músicos excelentes, era impossível não ficar particularmente abismado com a capacidade de Sidney Jaffe, o baterista/vocalista que parecia fazer questão de fazer da estreia em Portugal uma festa para recordar, não só para ele como para quem estava presente a assistir. Sendo os Burnpilot conhecidos pelas suas músicas mais longas do que o habitual, foi com demasiada brevidade que chegou ao fim 1 hora de concerto, marcada sobretudo pela capacidade de todos os músicos que pareciam também conhecer-se já bastante bem. Apesar de alguns momentos mais calmos, a banda optou por uma escolha de reportório mais agressivo e com mudanças rítmicas capazes de nos fazer ouvir o nosso próprio coração a palpitar. Tal era a descontracção, possível foi ainda um improviso a baixo, guitarra e voz enquanto o guitarrista trocava uma corda. E era de pé em cima do banco que o baterista anunciava o fim do concerto que não teve direito a encore e em que, durante 60 minutos, os Burnpilot deram tudo o que tinham a dar. E foi mais que suficiente.
Fotografias por Carlos Ramalhete
Agradecimentos: Carc Produções