O instrumento de marketing que é o press release é uma coisa engaçada. Compreensivelmente engraçada porque afinal tem que se ganhar a vida e tornar o produto o mais atraente possível para o público e agentes que possam influenciar esse mesmo público. Chamar aos italianos Asofy de black / doom metal é a mesma coisa que chamar aos Trivium death metal brutal e técnico. Será algo que apenas serve para confundir o potencial interessado, porque assim que chegar aqui e ouvir "Lumoinositá", o primeiro tema, a única coisa que encontra remotamente parecida com black metal são as vocalizações, que por sinal são bem fraquinhas. Quanto ao doom... bem, se é pelas ambiências e melodias, então Sigur Rós também é doom.
A verdade é que "Percezione" até pode ter um pouco de black metal depressivo, mas o que se encontra aqui mais é mesmo pós-rock com fartura e umas pitadas de shoegaze. O problema é que esta fórmula, em alguns casos vencedoras, aqui roça o aborrecido. Temos passagens que não são nada do outro mundo que se arrastam em loop por dois minutos, como que um disco de vinil riscado no mesmo ponto. Sendo um estilo que se baseia em criar momentos, em prolongá-los até um climax, aqui esses momentos são criados, arrastados até à morte, sem direito a climax. "Saturazione" é um bom exemplo de saturação e não é uma oportunidade para fazer um trocadilho fácil, satura mesmo.
Não deixa de ser um trabalho interessante, um segundo álbum editado doze anos após a estreia, mas fica a ideia de que doze anos não chegaram para trazer a maturidade suficiente para lançar um longa duração. Boas ideias aqui e ali, mas todas deitadas por terra pela mesma razão, temas longos demais para as ideias que os sustentam. A produção também acaba por não ajudar e voz muito menos, mas mesmo assim, esses acabam por ser detalhes que perderiam toda a importância, se a qualidade das composições em si o obrigasse.
A verdade é que "Percezione" até pode ter um pouco de black metal depressivo, mas o que se encontra aqui mais é mesmo pós-rock com fartura e umas pitadas de shoegaze. O problema é que esta fórmula, em alguns casos vencedoras, aqui roça o aborrecido. Temos passagens que não são nada do outro mundo que se arrastam em loop por dois minutos, como que um disco de vinil riscado no mesmo ponto. Sendo um estilo que se baseia em criar momentos, em prolongá-los até um climax, aqui esses momentos são criados, arrastados até à morte, sem direito a climax. "Saturazione" é um bom exemplo de saturação e não é uma oportunidade para fazer um trocadilho fácil, satura mesmo.
Não deixa de ser um trabalho interessante, um segundo álbum editado doze anos após a estreia, mas fica a ideia de que doze anos não chegaram para trazer a maturidade suficiente para lançar um longa duração. Boas ideias aqui e ali, mas todas deitadas por terra pela mesma razão, temas longos demais para as ideias que os sustentam. A produção também acaba por não ajudar e voz muito menos, mas mesmo assim, esses acabam por ser detalhes que perderiam toda a importância, se a qualidade das composições em si o obrigasse.
Nota: 5.5/10
Review por Fernando Ferreira
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