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Factory of Dreams - "Some Kind of Poetic Destruction" Review


Apelidado carinhosamente no seio da Metal Imperium como o Arjen Lucassen português, o multi-instrumentista Hugo Flores, volta mais uma vez à carga com o seu projecto Factory of Dreams, ao lado da sua companheira de sempre Jessica Lehto, pessoa detentora de uma beleza e personalidade vocais simplesmente impressionantes.

A verdade é que tal como no caso dos projectos do holandês, caracterizar a música de Hugo Flores em Factory of Dreams nunca foi de todo tarefa fácil, e Some Kind of Poetic Destruction, o quarto episódio desta aventura, em nada vem facilitar qualquer espécie de rotulagem, isto porque segue a lógica das propostas anteriores, especialmente o último Melotronical. Ou seja, os teclados atmosféricos e a voz de Jessica continuam a ser os grandes ex-libris da música de Factory of Dreams quase como que envolvida num mantra celestial, mas que também é pródiga em catalisar emoções e um certo sentimento quase onírico, numa homogeneidade, que ainda assim não perde interesse devido às diferentes alternâncias de ritmo e estruturas complexas das composições.

Desta vez a lista de convidados no campo vocal inclui Raquel Schüler dos Hydria e Magali Luyten dos Beatiful Sin em Angel Tears e Dark Season respectivamente, curiosamente dois dos melhores temas do disco. Na parte instrumental temos ainda Lyris Hung dos Hung no violino, numa escolha bastante feliz, Chris Brown dos Ghost Circus nas guitarras e o músico japonês Tadashi Goto nos teclados. Some Kind of Poetic Destruction conta ainda com Angela Merrithew, Mark Ashby e Nathan Ashby como narradores intervencionistas, personificando as personagens desta história.

Falando em história, a temática é sensivelmente diferente do disco atrás referido, desta vez Hugo Flores, através dos vocalistas e narradores ao seu dispor, conta-nos uma história cuja narrativa, em torno da personagem Kyra, deambula pelos universos do fantástico e da ficção científica. Daí que as sonoridades que fazem a génese Factory of Dreams, não poderiam encaixar melhor neste conceito.

Num disco em que a atmosfera é simplesmente incrível, apenas surgem uns quantos apontamentos negativos, mais concretamente em algumas transições um pouco mais forçadas ou um ou outro tema menos apelativo, mas que não deixam de ser importantes para o seguimento da narrativa. Some Kind of Poetic Destruction conta ainda com Playing the Universe, um tema originalmente incluído no álbum como o mesmo nome de Sonic Pulsar, um outro projecto do músico português.

Em suma, Some Kind of Poetic Destruction é a evolução natural daquilo que Hugo Flores e Jessica Lehto têm vindo a fazer, mostrando-se um álbum de grande qualidade, e mais um passo certo em direção de um eventual disco que marque categoricamente este projeto.

Nota: 8.6/10

Review por António Salazar Antunes