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Raventale - "Transcendence" Review


Após quatro discos de originais, o ucraniano Astaroth Merc (também nos Deferum Sacrum e Virvel av Morkerhatet) volta à carga com o seu interessante projeto Raventale, que funciona como um escape mais ambiental e até certo ponto soft face às outras bandas em que o músico se encontra envolvido.


Isto porque, mesmo que Raventale para todos os efeitos seja na sua génese um projeto de black metal, as suas influências são um tanto ou pouco mais ecléticas. No tema de abertura Shine, por exemplo, ouve-se uma grande influência de Brave Murder Day dos Katatonia, tanto ao nível das guitarras, como do ritmo compassado, e até mesmo na voz, sendo a única faixa em que Anton Belov, um dos vocalistas convidados, participa o que a torna numa música algo única quando comparada com o que vem a seguir, mas nem por isso desfasada do resto do disco.

A partir daí os grunhidos são substituídos pelas vozes ásperas, o ritmo aumenta de velocidade, e o tremolo passa a tomar a dianteira no campo das guitarras, mostrando nitidamente uma influência de Wolves In The Throne Room, ou até mesmo Burzum por alturas de Hvis lyset tar oss ou Filosofem, na música aqui contida. E diga-se de passagem que Transcendence em nada fica atrás desses nomes, os ditos riffs e a utilização dos teclados atmosféricos não são nada de especialmente inovador, mas são feitos com uma mestria e sentido de melodia irrepreensíveis, com Room Winter e Without Movement a carregarem excelentes apontamentos nesse âmbito.

Com o músico a tratar de todos os instrumentos, ficando a parte do vocal para o já citado Anton Belov e Vlad, este é um disco que tem na sua essência uma componente misantrópica muito forte, que ao contrário de muitas propostas vindas desta parte oriental da Europa, resulta na perfeição.

Transcendence é daqueles discos em que a repetição não é um factor desestabilizador da audição, sendo sim um dos pontos fortes da composição de Astaroth Merc, e num disco cujas quatro faixas têm uma duração média de 11 minutos, poucas são as falhas a apontar, para além do facto de haver um certa “familiaridade” nas ideias que compõem Transcendence. Nada que belisque muito o resultado final.

Nota: 8.8/10

Review por António Salazar Antunes