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Persefone - "Spiritual Migration" Review


Andorra é um país habitualmente associado ao turismo e ao seu estatuto de paraíso fiscal e, no que toca ao metal, a sua notoriedade é capaz de ser pequena como as suas dimensões. Os Persefone são o maior nome andorrense dentro deste meio, cujo reconhecimento a nível internacional foi afirmado com o bem-sucedido trabalho de 2011 “Shin-Ken”, inspirado na cultura guerreira japonesa. E agora a banda de metal progressivo lança o seu quarto disco de originais: “Spiritual Migration”.

Continuando de forma bem clara a inspiração em nomes como Borknagar e Symphony X, os Persefone são daquelas bandas que fazem o que lhes vai na alma e, como já provaram, nisso conseguem ser bastante bons. “Spiritual Migration” começa muito bem com a ecléctica “Mind As Universe”, a qual surge logo após a abertura “Flying Sea Dragons”, e sugere que os Persefone querem promover um disco forte e com muita diversidade com boas alternâncias entre vocais berrados e cantados, riffs potentes que muitas vezes nos levam por um verdadeiro turbilhão, o frequente acompanhamento de teclado e um constante equilíbrio entre melodia e agressividade. “The Great Reality” segue-se, comprovando as especulações que “Mind As Universe” sugeria, tendo aquele pulso de death metal progressivo que caracterizou “Shin-Ken” e que regressará em força com “Inner Fullness” – outro dos grandes pontos altos do álbum. À medida que este tema se vai desenvolvendo, vai adquirindo contornos épicos que só chegam a ser equiparados na incrível “The Majestic of Gaia”, ou no duo “Conscience”, especialmente na parte 2: “A Path To Enlightment” com o espectacular trabalho de guitarra lá desenvolvido.

Contudo, após “Inner Fullness” as coisas ficam mornas. “Metta Meditation” e “Upward Explosion” estão aquém das capacidades da banda e acabam por ser apenas fillers. Quase de certeza que a banda os compôs para mostrar experimentalismo e dar ainda mais alma a “Spiritual Migration”, mas tudo o que vem antes destes dois temas soa muito melhor e as coisas só voltam ao lugar com o tema-título, recuperando de vez a força do disco na enérgica “Returning To The Source”, cujo final se arrasta um pouco demais, o que não teria mal nenhum fosse este o final do álbum, mas os Persefone acharam por bem colocar uma outro, originalmente apelidada de “Outro”, que apenas está lá para estender a duração total da obra. Pelo menos, podiam ter feito um interlúdio mais rico como “Flying Sea Dragons” ou atmosférico como “Zanzei Meditation”.

Se os Persefone queriam adaptar a sua sonoridade a um público mais vasto, eles conseguem-no aqui sem esquecerem as suas raízes. Temas brilhantes como “The Majestic Of Gaia”, “The Great Reality” ou as duas partes de “Consciousness” são provas autênticas da evolução da banda de Andorra, e os fillers não chegam a comprometer a integridade de “Spiritual Migration”, o que faz do novo trabalho dos Persefone um álbum forte e diverso que irá garantir frequentes audições.

Nota: 8.4/10

Review por Tiago Neves