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Mindfeeder - "Endless Storm" Review


Não se pode dizer que Portugal é um país que prime muito pelas bandas de metal tradicional, particularmente na (in)existência de bandas de power metal nacionais. Aos fãs de power metal portugueses, e particularmente daqueles que já os acompanhavam ao vivo ou tinham conseguido deitar a mão a um dos seus EPs, foi preciso esperar mais de 10 anos para vermos o primeiro lançamento de longa duração dos Mindfeeder. Ainda sem editora, "Endless Storm" é o primeiro LP lançado pelo conjunto oriundo do Barreiro, projecto nascido em 2002.

Gravado e produzido pelos próprios membros da banda, com a participação especial de Piet Sielck (Iron Savior e ex-Savage Circus) na co-produção, o álbum conta com a participação dos portugueses Artur Almeida (Attick Demons), Hugo Soares (ex-Artworx e ex-Etheral), Tiago Ribeiro, Mena Tanqueiro e Célia Ramos. Dos próprios Mindfeeder fazem parte Leonel Silva (Castle Mountain e Scar For Life) nos vocals, Nuno Carranca (Tearful) e Nuno Serrador nas guitarras, Sérgio Temudo (Arentius, Lostland e Drakkar) no baixo, Ricardo Martins (Fireball) no teclado e Henrique Sobral na bateria.

O álbum começa com o tema "The Call" e somos desde introduzidos ao som de uma chamada a ser marcada e em espera quando o riff inicial começa subitamente - de imediato este começo tornou-se um grande turn-off (não foi um grande começo). Tinha tido a oportunidade de ouvir a música previamente no Sound Cloud da banda e não tinha esta introdução, nem se sentia a necessidade da mesma. A música não é extraordinária e tem algumas partes algo trapalhonas (como o seu começo), mas fica bem no ouvido graças ao seu riff inicial a mid-tempo acompanhado por um som de teclado que simplesmente soa bem, e pelo seu refrão acompanhado de um coro de "Hey!... Hey!... Hey!..." que certamente vai agradar daqueles que gostam de acompanhar a banda ao vivo.

O álbum tem uma melhoria progressiva vem com as três músicas seguintes "Endless Storm", "Colors Of The Skies" e a "1628", possivelmente a minha música preferida do LP. A música que dá o nome ao álbum tem uma entrada sem espinhas e tem um bom groove, contudo não deixo de pensar se o Leonel Silva conseguirá cantar esta música ao vivo, dado que existem frases que se sobrepõem nos versos e nota-se que foi necessário a utilização de duas pistas para a voz principal. A "Colors Of The Skies" tem um bom refrão, acompanhado por uma voz feminina, e um excelente solo de teclado. A "1628" tem um bom hook inicial e um conjunto de solos fantástico. A "Feed Your Mind" tem uma boa mensagem na sua letra, mas infelizmente não tem a qualidade das músicas anteriores. A "Together" tem um começo dissonante, mas compensa com um refrão power metal absolutamente memorável. A "Memories" é um conjunto de composições juntas numa só que tem uma duração maior que o habitual numa música de power metal, onde o destaque vai para uma presença forte do coro, principalmente no refrão a cantar "To the other side", mas a música torna-se demasiado longa e o riff inicial repete-se possivelmente uma vez demais. A música de bónus "Our Side Of Life" soa a uma composição similar a algo que seria feito por bandas como "Edguy" ou "Freedom Call" que, embora tenha um feeling jovial de boa disposição, é bastante esquecível no seu todo e não acrescenta muito ao álbum.

Os Mindfeeder soam ao clássico power metal europeu, com riffs de encher o ouvido, solos de guitarra virtuosos e refrões apoiados por coros poderosos e memoráveis (que é uma característica que acho fantástica no power metal e é um grande ponto a seu favor). Gostava de dar destaque ao alcance e grande solidez da voz de Leonel Silva ao longo do álbum e ao excelente trabalho de Ricardo Martins nas teclas, que são discretas nos versos, mas sempre que estas entram em destaque numa bridge ou um solo, têm impacto e acrescentam substancialmente à melodia. Também é de louvar o trabalho e investimento colectivo que a banda colocou na gravação deste álbum, principalmente se tivermos em conta o panorama do power metal em Portugal e facto de não terem tido o apoio de uma editora. O resultado está à vista: um trabalho com uma qualidade poucas vezes visto por terras lusas. Fãs de power metal, se não conhecem Mindfeeder, dêem-lhes uma oportunidade - acredito que não vão sair decepcionados.

Nota: 7.5/10

Review por Tiago Leonel Ferreira