“Mais uma banda de voz feminina da Finlândia a tocar metal gótico, já não há paciência para isto.” Porventura isto será o que 80% das pessoas dentro daquilo que é hoje o vasto género do metal irá pensar antes de por a tocar a rodela ou MP3 correspondente a Inner Distortions, o disco de estreia dos Teardown. E poucos são os argumentos que um defensor e apoiante do subgénero “das tipas que cantam” poderá providenciar para contrariar tal desabafo. No entanto quem tiver a loucura de mesmo assim dar uma oportunidade ao disco irá constatar que os Teardown apresentam um produto diferente, não na execução mas sim na qualidade, e quem sabe, tal como eu irá ficar substancialmente surpreendido.
Desde logo a voz, Katja Pieksämäki tem um registo tão próprio que para achar um termo de comparação somente Heather Thompson (Tapping the Vein) ou os desvarios de Asphodel (Pin-up Went Down) vêm à cabeça. Ou seja, emoção e garra numa entrega totalmente comprometida com a música. O som esse é tipicamente finlandês na atmosfera, é verdade, mas os músicos são mais do que competentes, e de vez em quando sempre dá para ouvir um laivo mais agressivo como o início de Glass Idol.
Já na composição aí é que os Teardown quebram todas e quaisquer expetativas que inicialmente se possam criar sobre eles. Decerto que este juízo não foi hiperbolizado devido ao marasmo que são a maioria das bandas de Female Fronted de hoje em dia, estes são mesmo bons. São os refrões de Everything Ends Here, The Deserted ou do próprio Glass Idol que instigam a escutar até à exaustão estas faixas, ou o deleite que é ouvir a divagação instrumental de Horns, com um excelente riff a que se sobrepõe um violino, ou mesmo sentir a emoção com que Katja canta Blank Faces e Dead Cry for the Sun. Mesmo temas menos exuberantes como Cold Rooms ou Fire in Her Eyes apresentam os seus pontos de interesse, e dificilmente entram para a categoria de fillers.
Não é um produto original como já foi anteriormente referido, mas mesmo assim não deixa de ser uma enorme lufada de ar fresco em relação à concorrência, e dificilmente se poderia pedir melhor estreia. Não existe mal nenhum em pegar em bases já existentes e com isso tentar fazer um álbum de excelência, mal é fazê-lo de uma forma leviana sem inspiração e transpiração.
Nota: 9/10
Review por António Salazar Antunes