Ainda antes de colocar o disco a tocar, já pouca é a vontade de ouvir On The Shores Of Oblivion, a estreia dos checos Somnus Aeternus, desde a capa passando pelo nome da banda, tudo se resume a um conjunto de clichés morbidogóticos de pouco interesse. Juntando a isso a proposta ter o selo made in Solitude, e a banda tocar um hibrido entre doom, death e o gótico, então é difícil não começar a ouvir o disco de pé atrás.
A audição lá começa e, nossa senhora do riff pesado, a produção é qualquer coisa de péssimo, contudo, Decrepitus, o primeiro tema após a introdução, até contém umas quantas ideias de realce na maneira como a banda usa o piano. Algo que os Somnus Aeternus têm plena consciência, porque a partir daí essas linhas de piano são exploradas até á exaustão e, tudo numa dissonância que raramente resulta, mas que é suficiente para fazer Chopin e Rachmaninoff andarem às voltas nos seus túmulos em desespero. Ao ouvir o disco na sua totalidade é difícil não chegar à conclusão de que os Somnus Aeternus têm ainda um longo caminho a percorrer em termos de composição, e de como melhor encadear as suas ideias.
Como músicos, há no entanto que admitir que já se ouviu bem pior, de vez em quando lá lançam uns quantos solos de qualidade, ou um break atmosférico suscitável de arrancar um sorriso, alias, é mesmo de realçar as mudanças de ritmos que a banda leva a cabo, o que torna a música um pouco mais suportável. O próprio vocalista Insomniac consegue alternar facilmente entre registos mais grunhidos e outros mais ásperos.
Atributos ainda assim insuficientes para que On The Shores Of Oblivion volte a sair da estante.
Nota: 4/10
Review por António Salazar Antunes
