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Officium Triste - "Mors Viri" Review


Um lead melancólico e uma voz limpa a debitar uma pesarosa elegia fúnebre, abrem as hostilidades daquilo que será mais um disco desse já tão desgastado sub-género do metal, a que chamamos de doom gótico. No entanto não deixa de ser incrível como às vezes bastam 10 segundos de um tema para se perceber a qualidade de um álbum. Certo é que muitas bandas pegam nos seus 2/3 temas mais bem conseguidos e metem-nos no início de forma a contagiar o ouvinte, induzindo-lhe a ilusão de este estar perante um bom álbum….algo que não é de todo o que acontece em Mors Viri, o 5º disco dos holandeses Officium Triste.

Quando o analisamos vemos que não é muito diferente daquilo que a generalidade das bandas deste estilo nos impingem, está la tudinho, desde os ritmos arrastados até aquele melodia sinistramente bela, passando pela dualidade voz limpa e grunhida, mas os Officium Triste têm também a peça chave fundamental que falta em quase todos esses lançamentos: honestidade. Aquela honestidade que faz uma banda como por exemplo os Anathema pegar em 2 riffs e conseguirem fazer disso uma obra de arte. Os Officium Triste serão porventura um pouco mais complexos que isso, mas a tristeza que imprimem nos seus temas chega a ser quase palpável. O facto de também jogarem com algumas mudanças de andamentos e terem ao seu dispor uns quantos elementos sinfónicos, usados com relativa moderação, faz com que Mors Viri não seja afectado pela monotonia, um mal tão tipicamente doom.

Parece fácil, é verdade, mas a intensidade desses primeiros 10 segundos de Your Fall From Grace é simplesmente incrível, o riff a meio caminho de Burning All Boats and Bridges é daqueles que sai uma vez na vida, e temas como Your Heaven, My Underworld e To The Gallows simplesmente carecem de palavras suficientes para explicar a sua beleza, tão crua como a sua negritude. Embora alguns desses temas sejam bastante directos na sua abordagem, não quer com isso dizer que Mors Viri seja um álbum de fácil digestão. Será sim um disco que como referido antes nos agarra logo de início, mas que necessita de tempo para ser compreendido na sua plenitude.

De facto, se há coisa que nunca se disse dos Officium Triste é que são originais, as suas influências são tão óbvias que nem vale a pena descrevê-las aqui, mas quando o material é excelente como é o caso, elas nem sequer nos passam pela cabeça, e Mors Viri assim o merece.

Nota: 9.2/10

Review por António Salazar Antunes