Itália parece-me um bom ponto de partida para esta nova aventura literária. Ora vejamos.
Desde há muito tempo que se assiste ao aparecimento de novas bandas italianas cuja marca de qualidade é inegável. Reporto-me a um período de há 10 anos desta parte porque sempre existiram boas bandas italianas, agora apenas existem em maior quantidade. Longe de ser um problema, antes pelo contrário, é interessante pegar no caso dos Nero Di Marte. Uma banda recente, certo? Neste caso apenas no nome, porque este colectivo de músicos tem um legado anterior que deu pelo nome de Murder Therapy. Com um álbum de originais e algumas edições de curta duração, os Murder Therapy enveredaram por uma sonoridade colada ao mais recente movimento do Deathcore, onde ganharam alguma notoriedade. Porém, em meados de 2012 decidiram mudar de nome. E assim nasceram os Nero Di Marte.
Estamos a falar da mesma formação que terminou um projecto e começou uma outra identidade. Por isso, a principal questão que se levanta é, perante este renascimento, o que é que este novo Ser musical traz de refrescante face ao seu passado? Após ouvir o álbum de estreia destes italianos, diria que muito. Por incrível que possa soar, não parece a mesma banda, apesar da manutenção do line-up antigo. Uma certeza fica, a música cresceu de forma frutuosa. O mais surpreendente, antes que pudesse reunir mais peças ao puzzle das influências, é que o início deste disco fez-me lembrar algumas bandas portuguesas, há com toda a certeza resquícios de uns The Firstborn ou de uns Concealment por estas músicas. Mas para os mais cépticos, poderei dizer-vos que o som de Nero Di Marte também apresenta atmosferas à lá Gojira, Meshuggah, Voivod e Novembre.
Este primeiro trabalho dos Nero Di Marte, autointitulado, apresenta-nos um Death Metal progressivo muito bem construído, forte, com momentos de agressividade e melodia equilibrados, intenso, cheio de texturas e ambientes muito bem decorados. O álbum é harmonioso, do princípio ao fim, mas como todas as bandas que vagueiam por este género poderá não ser de fácil audição. É como um bom vinho, é preciso dar-lhe algum tempo para o deixar crescer e poder saborear com muito prazer.
Creio que estas foram razões mais que suficientes para a Prosthetic Records apostar na banda. Estamos na presença de um álbum que não irá passar despercebido durante o ano de 2013, com toda a certeza, e este novo ciclo não poderia ter começado de melhor forma para os Nero Di Marte.
Nota: 8.5/10
Review por Pedro Pedra
