Já aqui falei das dificuldades que a língua alemã provoca no ouvinte comum e com os ouvidos preparados para a habitual anglo-saxonisse. No entanto, existe um fenómeno que acontece de vez em quando, quando uma música como a "Kamikaze" que abre este álbum, nos aparece diante dos ouvidos. Uma entrada memorável, uma faixa absolutamente viciante e que a última coisa que interessa é se eles estão a cantar em alemão, em mirandês ou em klingon. Que poder! De tal forma que se sente que há quase uma impossibilidade deste nível ser mantido ou até mesmo ultrapassado.
Um feeling que se vai pensando como correcto, pelo menos com as faixas seguintes. "Fritz H." não impressiona ao início mas depois lá consegue empolgar, enquanto "Begraben" é dona de um ritmo mais cadenciado que se revoluciona conforme se aproxima do refrão. Apesar dos níveis não chegarem aos pés da primeira faixa, é inegável o poder que os Macbeth libertam faixa após faixa. Eles que também já não são novatos na cena, embora este seja apenas o terceiro álbum - a banda editou uma banda em 1985 mas teve de mudar de nome para Caiman por causa de problemas com a polícia de leste da Alemanha. Acabaram em 1989 devido ao suicídio do vocalista da altura e depois quando tentam voltar novamente em 1993, a morte do baterista frustrou novamente os planos. Apenas 2002, o regresso foi bem sucedido).
Ora, em "Gladiator" temos outro momento alto, com riffs de alternate picking que é bastante memorável e com um solo que faz com que se abane ainda mais a cabeça. O tema título também não se fica atrás, tanto nos riffs como nos solos. A sequência destinada a Stalingrad também está muito bem conseguida, os únicos momentos onde realmente existe alguma pena por não se perceber nada de alemão, ficando alguma curiosidade sobre a abordagem lírica feita ao tema. Em termos musicais, o resultado é de topo mesmo e é maneira ideal para encerrar o álbum. Isto para quem tem a edição normal. Quem adquirir a edição digipack tem direito a quatro temas bónus, que embora não consigam igualar o que ficou para trás, são sem dúvida agradáveis de ouvir.
No geral, é um álbum surpreendente. Bem mais próximo do thrash metal do que propriamente do heavy metal, estilo no qual estão inseridos desde a sua criação. Surpreendente e viciante em alguns momentos. Aquela "Kamikaze" é um monumento sonoro que merece ser visitado por todos. Várias vezes. Durante muito tempo.
Nota: 8/10
Review por Fernando Ferreira