Curiosa a capa de Visions, o segundo álbum dos Finlandeses Astral Sleep. Uma representação de uma imponente construção, aparentemente a desvanecer, que tanto pode remeter para o inferno dantesco, como para o universo Tolkien.
Ouvindo o início de The Towers, o primeiro tema, a coisa fica ainda mais confusa, pois doom death fúnebre parece ser aquilo que está reservado a quem vai ouvir o álbum em questão. Daí que tendo em conta o nome da segunda saga do Senhor dos Anéis, continuamos sem chegar a um consenso. Avançando na escuta do tema, e tomando atenção aquilo que a cavernosa voz de Markus Heinonen nos recita, o fantasma Evoken vai-se gradualmente desvanecendo, dando lugar a algo diferente, mais diverso, mais estranho, sem no entanto soar menos sinistro.
A conclusão final a que se chega é que não é de temas lúgubres ou da terra média que os Astral Sleep nos falam, mas sim do universo onírico. As criações que o subconsciente gera na mente durante o sono, são o pano de fundo de um conceito lírico que tem influência directa na música, daí que para o bem ou para o mal, monotonia não é aquilo que se encontre em Visions.
Nestes 4 temas, cada um com uma duração entre os 13 e os 16 minutos, a banda vai introduzindo alguns elementos estranhos, mudanças de andamentos e outros ingredientes que permitem que o surrealismo das palavras se reflita na música. De repente, um prolongado lead pode dar origem a um belíssimo interlúdio acústico cantado, da mesma maneira que de seguida um gripo horripilante se poderá tornar numa transição para um movimento monolítico, ou para um interlúdio quase a roçar o jazz. Em Visions a dissonância e a agonia conseguem conviver com a melodia e a serenidade, sem que se estranhe ou que soe a um conjunto de ideias lançadas sem nexo.
Neste universo freudiano nem tudo porém é perfeito, mas os bons momentos sem dúvida que se sobrepõem aos menos conseguidos. Uma incursão um tanto ou quanto avant-garde num estilo não muito propenso a aventuras do estilo. Resta saber como irão os puristas encarar Visions.
Nota: 8.5/10
Review por António Salazar Antunes