Existem montes de bandas boas, mas os Converge sempre estiveram “cá dentro” por conseguirem fazer o que quase nenhuma ou mesmo nenhuma banda consegue fazer: Misturar tanta coisa e conseguirem manter desde “Jane Doe”, o ‘prémio’ de banda mais bruta de todos os tempos.
Vamos ser sinceros, música pesada e música agressiva estão longe de serem sinónimos, e os Converge conseguem encaixar nesses dois rótulos com uma inocência e naturalidade que não merece menos do que reconhecimento e louvor.
Desde o início que a agressividade do colectivo de Salem tem sido uma imagem de marca, mas foi nos primeiros segundos de “Concubine” que a vida da banda mudou completamente. “Jane Doe” revolucionou a música bruta por ter uma ligação estranha mas acentuada com o mathcore, sendo que chegou a entrar para rankings de ‘álbuns mais brutos da década’, e com razão.
Os Converge também nunca tiveram letras relacionadas com política ou algo assim. Em vez disso, Jacob Bannon berra letras sentimentais. Mas já se sabe que a voz de Bannon é incomparável a qualquer outra coisa neste vasto mundo da música. Juntando isso à proeza dos músicos que fazem a banda, destacando a guitarra capaz de demolir cidades de Kurt Ballou, fazem deles aquilo que são e continuarão a ser (esperemos!).
Bem, indo ao que interessa realmente. Estamos em 2012 (e blá blá blá), e chama-se “All We Love We Leave Behind”, que já é o oitavo num catálogo de fazer inveja a muitos, sem qualquer ponto baixo. Para já, é de salientar que os Converge nunca erram quando fazem álbuns. Não há uma única música de abertura que não encaixe, como não existem músicas a encerrar o álbum de forma menos positiva. Mais a proeza que estes homens têm de fazer uma tracklist que soe como uma só sequência (ou se não é uma, não há de andar lá longe).
Com mais um álbum, os Converge cumprem sem qualquer margem para dúvidas as expectativas que criaram após o lançamento do colossal “Axe To Fall”. Os versos de “Aimless Arrow” ficam facilmente na cabeça, assim como é impossível não fazer referência a temas como “Sadness Comes Home”´, “Empty On The Inside” ou a malhas bem mais brutas como o tiro que é “No Light Escapes” ou a caótica “Sparrow’s Fall”. Também temos direito a momentos mais suaves como “Coral Blue”.
O problema em mais um álbum na discografia, é mesmo a escolha para as setlists a tocar num futuro próximo. Com tanta malha boa no catálogo, só se torna tolerável se tocarem a discografia toda. Mas como não podem, ficamos para ver como se sai Ballou e companhia na escolha dos registos a apresentar desta vez. E ficamos à espera de uma passagem por Portugal.
Mais um opus que vai direitinho para a lista de álbuns do ano. E o que fascina, é que quem ouve “All We Love We Leave Behind”, fica com a impressão que os Converge não precisam de fazer um grande esforço para serem o que são. Só de naturalidade.
Nota: 9.3/10
Review por Diogo Marques