About Me

Secrets of the Moon - "Seven Bells" Review

Quem tem acompanhado de perto a carreira de Secrets of the Moon tem, decerto, denotado que estamos perante uma banda que tem revelado uma especial capacidade para se reinventar e soar interessante. A verdade é que aos poucos, e lançamento após lançamento, os Secrets of the Moon têm vindo a conquistar o seu espaço de uma forma bastante consistente. Depois dos lançamentos de «Antithesis» (2006) e «Privilegivm» (2009) os terem colocado no espectro mais relevante do black metal do velho continente, «Seven Bells» é o reconhecimento de uma evolução um pouco mais ousada e mais experimental.

Ao seu black metal ainda com laivos de Satyricon, os germânicos exploram em «Seven Bells» uma toada mais compassada, menos acessível e directa, que nos revelam uma banda que preferiu abrandar a velocidade da sua música em detrimento de uma atmosfera mais negra, lúgubre, hipnótica, com passagens doomescas e dinâmicas post-metal de belo efeito. E é precisamente na combinação de todos estes elementos e na forma inteligente (diga-se!) como todos eles são explorados que reside a força dos Secrets of the Moon e, inclusive, cimenta o interesse em «Seven Bells».

Ao 5º disco de estúdio, e à semelhança do que aconteceu com os seus anteriores registos, a sonoridade dos germânicos continua apegada a uma certa obscuridade melancólica que os aproxima bastante das últimas amostras de Celtic Frost e Triptykon, muito provavelmente por causa das presenças de Tom G. Warrior e V. Santura, responsáveis pela mistura e masterização do álbum. De qualquer das formas, o resultado que emana dos instrumentos é-lhes tão próprio que afasta qualquer tentativa de colagem propositada.

Para que não restem dúvidas sobre as capacidades dos germânicos, o tema-título “Seven Bells” (que dá azo a um início de álbum bastante sólido), “Goathead” (na minha opinião a faixa que melhor representa a essência deste novo disco), “Serpent Messiah” (uma abordagem muito bem conseguida de black n’ roll), “Nyx” (faixa que motivou um vídeo promocional de belo efeito) e “Worship” (um monstro absolutamente arrepiante e que torna praticamente impossível não estabelecer as comparações com as bandas supracitadas) recomendam-se vivamente. Já “The Three Beggars” recolhe, a meu ver, o título de elo mais fraco de «Seven Bells», pese embora o facto de possuir um ou outro pormenor de relevo.

Ainda hoje reduzidos à condição de trio, situação que ocorre desde o lançamento de «Antithesis», os germânicos têm aqui convidados de realce, como são os casos de Schwadorf (Empyrium, The Vision Bleak), Kvohst (DHG, Code), responsáveis por tarefas vocais, e Morten Gass (Bohren & der Club of Gore) que apadrinha sonoridades mais ambientais.

Por tudo isto, mesmo não conseguindo atingir o objectivo de ser o melhor disco dos Secrets of the Moon, ficamos absolutamente elucidados de que são capazes de manter a chancela de escrever bons discos. Nesse particular, daqueles que crescem a cada audição.

Nota: 8.1/10

Review por Frederico Lázaro