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Azagatel - "Lux-Citanea" Review

Foram necessários 11 anos para voltarmos a ter um longa-duração dos Azagatel e eis que surge "Lux-Citanea", lançado no passado dia 8 de Setembro num concerto com Holocausto Canibal, em Aveiro.

No entanto, esses 11 anos de espera não foram vazios, uma vez que a banda lançou um EP, um Split, uma compilação e, claro, concertos (algo escassos em determinados momentos). Não estou aqui para falar do passado dos Azagatel, mas sim do seu presente exprimido em "Lux-Citanea".

Os seguidores desta banda oriunda da região de Aveiro de certo saberão que a temática da banda é pagã, folclórica e até direccionada ao mundo Tolkiano em pontos particulares. Neste disco, e o título não engana de forma alguma, os Azagatel focam-se no nosso passado, nas nossas longínquas raízes onde descansam os deuses pagãos e os guerreiros míticos e/ou lendários.

Começamos então com o tema de abertura, "Endovellico", numa alusão ao deus masculino mais importante da Lusitânia sulista. Num trovão de vozes grita-se Endovélico seguindo-se um conjunto de riffs de guitarra e estrofes bem portuguesas e agressivas. Aproveito para frisar desde já que este álbum não é só bem português na sua temática, mas também nas suas letras: os temas relativos à Lusitânia são entoados em português. Nesse plano encontramos "Endovellico" - tema anteriormente mencionado -, "Nabia Corona" e "Viriathus", exceptuando "Bandua" que é cantado em inglês (Bandua era o deus masculino mais importante no norte da Lusitânia).

"Nabia Corona" é dos temas mais belos que se encontra em "Lux-Citanea", ora não fosse a sua temática direccionada à Senhora das Águas, a deusa feminina mais importante no norte da Lusitânia. E se o tópico é sobre uma divindade feminina, nada melhor do que ter uma voz igualmente feminina a acompanhar o vocalista, Hrödulf, no refrão. Carla Rosete é a voz que traz beleza a um tema que acaba por não descurar agressividade na parte final, invocando assim, a meu ver, o lado negro da deusa. Tudo está ligado neste disco e nada é feito em vão.

"Viriathus" não é mais do que uma biografia cantada sobre o nosso mítico guerrilheiro das montanhas. Assim, a música não podia deixar de seguir um compasso militarista misturado com gritos de guerra e passagens enérgicas que fazem resnascer o espírito guerrreiro que tanto precisamos neste momento apertado (permitindo-me a mim mesmo esta pequena mistura entre o objectivo da Metal Imperium e o estado das nossas vidas).

Os teclados de "Nautilus" (2001) foram deixados de parte, mas em "Lux-Citanea" encontramos outros instrumentos que tornam o álbum mais arrojado e aliciante para o ouvido, como por exemplo: violino, acordeão e guitarra clássica. Apesar da nítida distinção e inovação entre os dois álbuns, o tema "The Oath Of The Oak" mostra de forma bem explícita a veia mais antiga dos Azagatel fazendo lembrar os distantes 10/11 anos, mas numa abordagem mais evoluída.

Numa nota final, não posso omitir o grande empenho na construção do artwork que resultou numa edição especial de apenas 50 exemplares. Essa edição é composta, claro está, pelo CD em digipak, uma bolsa em serapilheira com o símbolo triskelion (confeccionada manualmente), um medalhão da banda num material a fazer lembrar xisto, um selo numerado à mão referente ao exemplar da edição e um booklet intitulado "Panteão Lusitano" onde estão descriminadas todas as divindades Lusitanas.

Nota: 7.5/10

Review por Diogo M. Ferreira