
Ouvir um qualquer trabalho deles pela primeira vez é de fato uma experiencia diferente e marcante - a mossa que o “Idolum” me deixou é ainda funda e inesquecível. No entanto, “Oro: Opus Primum”, deixa um sentimento de vazio de conteúdo quando comparado com a restante discografia do coletivo. A ausência de riffs memoráveis, os samples batidos, as vocalizações são fracas e praticamente inexistentes. A falta de sabor é tal que o único desafio que este álbum me apresentou foi conseguir prestar-lhe atenção até ao final. A utilização de inúmeros distorções, ruídos e samples colocam-nos próximos de uns Esoteric (estes com uma veia death metal muito mais vincada) mas o efeito que provocam não se aproxima sequer da escuridão sufocante dos Ingleses deixando uma sensação desagradável de estarmos perante uma banda que não pertence ainda a esta elite situando-se numa espécie de segunda liga do estilo.
Ouvir a primeira faixa “Empireum” é por si só uma prova à paciência de qualquer um… digamos que ao fim de 5 minutos já se desespera por algum som que assemelhe a um acorde de guitarra, é um enorme crescendo sem nunca atingir o tão aguardado clímax e fazer alguma coisa valer a pena. E não, esta faixa não é uma introdução. Até porque “Magickon”, quarta “canção” do disco, nos devolve a este aborrecimento.
Existe também bom material. Alguns dos melhores momentos estarão no início sinistro de “Aureum” e nas suas passagens mais rápidas, nas deambulações psicadélicas de “Infearnatural” e a totalidade do tema “Mindomine” que oferece uma experiencia completa resumindo bem aquilo que são os Ufomammut em 2012 - é de facto uma ótima composição e talvez a melhor do álbum.
Há pouco em Oro que me possa fazer voltar por mais. Não se compreende como se desperdiçam dezenas de minutos em aparentes samples e ruídos aleatórios. Na verdade consegue-se perceber o que a banda quer atingir nesses momentos, escusado será sublinhar que falham redondamente.
Se me for permitida a ousadia, o meu conselho como fã e ouvinte é o seguinte - utilizem música para recrear as imagens que pretendem transmitir e não mais torrentes de ruídos mais que batidos.
Nota: 5.7/10
Review por David Sá Silva