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Reportagem: Marés Vivas 2012 - Dia 19/7/2012 e 20/7/2012 @ Cabedelo, Vila Nova de Gaia

A 10ª edição do festival Marés Vivas decorreu, tal como em anos anteriores, na Praia do Cabedelo em Vila Nova de Gaia entre 18 e 21 de Julho e teve a participação de nomes incontornáveis do rock dos anos oitenta e noventa, que deliciaram os fãs, nomeadamente Gun, Garbage, The Cult e Billy Idol. A Metal Imperium teve a oportunidade de estar presente no dia 20 de julho e constatar que a audiência era bastante heterogénea, sendo possível ver festivaleiros de todas as idades e fãs de todos os géneros musicais. O espaço em que decorreram os concertos era bastante agradável e amplo, mesmo à beira rio com uma vista de cortar a respiração.

Dia 19/07/2012

Os Gun foram a primeira banda a actuar no palco do Marés Vivas no dia 19. O novo vocalista Dante Gizzi surpreendeu pela positiva, tendo um registo vocal que em nada fica atrás do Mark Rankin. Apresentou-se com uma imagem mais casual, mas a prestação em palco foi eximia. Entre a playlist estavam Don’t Say It’s Over, Better Days e mesmo a Word Up (cover dos CAMEO, musica de 1986). Como base da sua actuação tiveram o novo album "Break The Silence". O público estava bastante entusiasta e empático com o concerto do colectivo, sendo que terminaram a sua prestação com a musica "Shame On You".


Os Garbage decidiram basear a sua actuação nos seus temas com mais êxito, entre elas estavam "I Think I'm Paranoid", "Queer", "Stupid Girl", "Cherry Lips", "Special", "Push it" e "Only Happy When It Rains". Shirley está em forma para a idade que tem, com excelente presença em palco, bastante comunicativa, pecando apenas devido aos temperamento de prima donna, como se tem vindo a fazer notar em alguns momentos. O concerto ficou ainda marcado quando Shirley ameaçou chamar elementos de segurança, quando um elemento do público decidiu atirar objectos para o palco (atitude pela qual ela ficou também mais conhecida após o incidente no concerto nos EUA). A pedido de um fã, a banda ainda improvisou tocando um excerto de "Sugar", música integrante do recente álbum da banda "Not Your Kind of People".


Seguidamente actuaram os Kaiser Chiefs que iniciaram a sua actuação com "Never Miss a Beat", dando um concerto brilhante e energético. De referir ainda que Ricky Wilson saltou para junto dos fãs para cantar a música do novo àlbum "On The Run" em coro. O mesmo apesar de aparentar alguma rouquidão, deu um concerto bastante bom. Andrew White decidiu evocar Jimmy Hendrix com o riff de "Foxy Lady" antes de tocarem o tema "Modern Way" e Wilson em "The Angry Mob", decide subir a encosta que serve de muro ao recinto, sendo que os seguranças só se aperceberam que estavam junto ao vocalista de Kaiser Chiefs devido ao foco de luz. O grupo encerrou o concerto com o encore "Love's Not a Competition (But I'm Winning)" e "Oh My God".


O concerto dos The Cult foi satisfatório. Ian assumiu sempre a pose de uma diva a cantar - embora parecendo por vezes que se encontrava a murmurar - por momentos não se percebia o que o vocalista cantava. O grupo tocou alguns dos clássicos como "Fire Woman", "Lil’ Devil", "Love Removal Machine", "Rain" e "She Sells Sanctuary. Ian e companhia apresentaram ainda ao vivo alguns novos temas do seu novo registo "Choice of Weapon" - "Honey From A Knife", "Lucifer", "The Wolf" e "For The Animals" - mas que ficou provado que não têm tanto potencial ao vivo, com em álbum.



Dia 20/07/2012


O espectáculo iniciou-se com a britânica Ebony Bones que demonstrou muita versatilidade e pôs em prática os seus dotes de actriz. A vocalista era bastante energética e esteve muito bem acompanhada pela banda maioritariamente feminina e um par de “cavalos” que dançavam ao ritmo da música e tocavam batuque.


Para gáudio dos fãs, seguiram-se os portuenses Azeitonas que tocaram temas conhecidos do público. O também portuense Rui Veloso subiu ao palco como convidado desta banda e interpretou alguns temas com eles, tendo ainda entoado o seu muito conhecido “Anel de rubi” que foi cantado por praticamente toda a audiência. Como seria de esperar, o ponto alto dos Azeitonas foi também o momento que deu por concluído o seu concerto... o tema “Anda comigo ver os aviões” que também teve direito a acompanhamento do público.


O britânico Billy Idol entrou em palco quando passava um pouco das 23:30 e o público delirou. O consagrado cantor mostrou que está em excelente forma e que as suas músicas são marcos históricos que perdurarão durante muitos anos. Arrancou com “Ready, steady, go” que foi seguido de “Dancing with myself” e ficou explícito que o concerto seria memorável e inesquecível. Durante sensivelmente hora e meia, Billy “Fucking” Idol, tal como o próprio se apresenta, levou a audiência numa viagem por temas antigos da sua banda inicial Generation X, por temas antigos que o tornaram famoso, tais como “Flesh for fantasy”, “Sweet sixteen” e por temas novos “Postcards from the past” que continuam a manter a chama do rock bem acesa. O cantor revelou um extraordinário à vontade em palco, fez questão de mostrar o corpo, como vem sendo hábito, e revelou uma grande empatia com o público dialogando frequentemente e atirando pratos de plástico com autógrafos, palhetas ou baquetas. Esta estrela do rock teve também uma espectacular atitude quando agradeceu à equipa que o acompanha em tournée assim como todos os envolvidos, sejam eles membros da banda ou namorada... o guitarrista e amigo de longa data Steve Stevens e a audiência tiveram direito a um agradecimento muito especial. Como seria de esperar, quando a banda abandonou o palco, o público exigiu um encore e o Billy voltou com Steve Stevens e presentearam-nos com uma versão acústica de White Wedding... a meio do tema, o resto da banda entrou e terminaram o fantástico tema que tanto rodou nas rádios e televisões por todo o mundo. Para concluir em grande estilo, escolheram “Mony, Mony”, tema original de Tommy James & The Shondells que alcançou a fama e estatuto que hoje tem por causa da cover feita por Billy Idol. Neste concerto, o Billy Idol provou que apesar de estar praticamente a entrar na terceira idade ainda está em excelente forma e que ainda tem muito para dar! De salientar ainda o virtuoso guitarrista Steve Stevens que revelou uns dotes musicais extraordinários e que se destacou em alguns solos, tendo até tocado com a boca e também o resto da banda que permitiu que o concerto fosse de facto memorável! Realmente, esta banda vive e respira rock n’ roll!

A fechar a noite estiveram os Gogol Bordello, banda multiétnica de gypsy punk. Eles misturam música cigana do leste europeu, influências folclóricas eslavas e punk rock e a sua actuação é bastante teatral. O público delirou, saltou, cantou, gritou com temas como “People wearing purple”, “Pala tute”, “Immigraniada” e “Break the spell”. A energia sentida no recinto era intenso e a banda demonstrou ser capaz de levar a audiência ao rubro e permitir um excelente final de noite. Os Gogol Bordello são definitivamente uma banda de festivais e arrastam multidões atrás de si e da sua energia viciante e contagiante.




Texto dia 19: Liliana Pinho
Texto dia 20: Sónia Fonseca

Fotografia: Liliana Pinho

Agradecimentos: Pev Entertainment