
Neste (brilhante… adianto já o elogio) “Silencing Machine” a banda retoma um caminho menos oscilante que o anterior trabalho e, conforme Blake Judd já havia adiantado, embrulha todas as composições numa escuridão constante e depressiva. Os ritmos uptempo e melodias mais… coloridas (?) são despidos de qualquer trejeito de esperança.
A obra inicia-se com “Dawn Over the Ruins of Jerusalem” seguida do tema título colocando-nos num contexto de (quase) puro black metal com riffs familiares reminiscentes do melhor que as infames legiões francesas conseguiram criar. ”And I Control You” abranda e consegue trazer ainda mais peso, desespero e sinistralidade. “Give Me The Grave” fez me lembrar “From Hateful Visions” dos Judas Iscariot. Os teclados de “Leepers of Destitution” remetem imediatamente para o legado de Burzum e “Borrowed Hope and Broken Dreams” mergulha mais fundo na sonoridade Goth e faz sobressair mais alguns apontamentos eletrónicos.
A banda continua a ser capaz de nos cativar e intrigar com nuances menos esperadas e riffs simples ornamentados com sons eletrónicos. Mas desta vez a envolvência e sentimento são de tal ordem que não consigo deixar de sentir este como o mais profundo e completo trabalho desta entidade. Um monumento desta envergadura que consegue invocar novamente os clássicos mais obscuros do género, manter um enorme cunho de originalidade e atingir este sentimento escuro e retro é qualquer coisa de impressionante.
Os Nachtmystium conseguiram em “Silencing Machine” proporcionar-me uma experiencia única, intensa e aditiva. A ligação foi tal ordem que visitar os esgotos imundos, ruinas abandonadas e outras quaisquer paisagens desoladoras criadas pelo intelecto complexo de Blake Judd tornaram-se uma necessidade constante. Acredito que este álbum irá apelar a qualquer fã sério de black metal e a qualquer ouvinte com um fraco por ambientes decadentes e música de grande qualidade.
Nota: 9.4/10
Review por David Sá Silva