
Decididamente os Agalloch têm muitos atributos, mas se calhar maior deles, e porventura aquele que os faz ser uma banda tão única e especial, é terem um som tão distinguível e ao mesmo tempo nunca terem lançado dois discos iguais, e isso meus amigos não é para quem quer, é mesmo para quem pode. Desde que deram o mote com o seminal Pale Folklore que os Agalloch nos vieram dar a conhece uma atmosfera sonora quase pictórica, invocando sempre paisagens invernais segundo abordagens diversas: calma e serena com The Mantle e o EP The White; mística e enérgica em Ashes Against The Grain, e forte quase violenta com Marrow Of The Spirit. Mas o inverno, acima de tudo também tem a sua componente mais feia e trágica, e com Faustian Echoes ficamos finalmente a conhecer um lado cru e ainda mais gélido da banda de John Haughm.
Quando ouvimos os primeiros segundos, após a narrativa introdutória, vemos que nunca antes a banda esteve tão perto do black metal primitivo como em Faustian Echoes, contudo pouco a pouco a coisa lá se vai desenrolando num típico tema de Agalloch, com diversas ambiências, e umas quantas divagações através de riffs post rock. De notar que desta vez John Haughm apenas faz uso da sua voz mais arranhada, deixado para trás os seus místicos cleans, o que se aceita tendo em conta a atmosfera sombria deste lançamento. Mas chega de descrições, afinal de contas tema de Agalloch é para se ir descobrindo aos poucos, principalmente este que é o mais longo alguma vez composto pela banda.
Produzido no estúdio Jackport por Billy Anderson (que também já trabalhou com os Neurosis), Faustian Echoes é um bom aperitivo nesse longo calvário que costuma ser a espera por mais um disco de longa duração dos Agalloch.
Nota: 8.7/10
Review por António Salazar Antunes