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Reportagem: W.A.K.O, Face Of A Virus, Shape @ Music Box, Lisboa - 19/07/2012

Com um cartaz com uma das melhores bandas nacionais de metal e duas bandas de suporte interessantes, um espaço mais que apropriado para este tipo de espectáculos e um preço de bilhete bastante acessível, é algo triste ver uma casa com cerca de meia centena de pessoas para assistir a mais uma visita dos W.A.K.O. a Lisboa, agora como cabeças de cartaz. Todos estes factores eram mais que suficientes para poder chamar mais pessoas, mas tal não aconteceu. Mesmo assim, como Nuno dos W.A.K.O. disse a certa a altura “Somos poucos mas bons” é verdade, pois aqueles que estiveram presentes neste concerto deram o seu apoio às bandas. É de valor.

Os Shape são uma jovem banda lisboeta, praticante de um hardcore musculado e com algumas ideias interessantes, que chegou a provocar algumas reacções na reduzida plateia. Com um vocalista muito activo e a actuar fora de palco, preferindo estar ao nível do público, e uma jovem banda a debitar os ritmos ferozes, deram um concerto de cerca de quarenta minutos bastante interessante, sendo uma boa escolha para banda de abertura deste tipo de eventos. Nota para a inclusão de uma cover dos Metallica (“Hit the Lights”), um pouco estranha na sua abordagem hardcore. Mesmo assim, um bom concerto.

Tal como os Shape, desconhecia os Face of a Virus e tive oportunidade de ouvir um par de temas antes deste concerto. E que excelente surpresa. Este quinteto algarvio pratica um death/thrash progressivo e cadenciado, mas mesmo assim bastante poderoso e interessante. Com influências que vão desde Meshuggah a Lamb of God, os Face of a Virus estão ainda a mostrar o seu segundo EP “Rise and Begin” e a postos para gravar o seu disco de estreia. No entanto, pela sua música e pelo bom concerto que deram, certamente que iremos ouvir falar desta banda mais vezes no futuro.


Finalmente, e com a entrada em cena dos W.A.K.O., e certamente a razão pela qual muito do (pouco) público presente ali estava, a qualidade e profissionalismo subiram muitos pontos. Sem qualquer tipo de desprezo pelas bandas anteriores, mas é inegável a qualidade musical e presença em palco deste quinteto de Almeirim, sem dúvida uma das melhores bandas nacionais da actualidade. A força bruta da sua música é absolutamente avassaladora e é mais que visível o entrosamento e interligação entre todos os elementos da banda. Ainda com o último concerto que assisti muito presente na memória, no Rockline Tribe Fest, era de esperar mais um concerto intenso e poderoso. Já são mais de dez anos de banda e isso é mais que visível no som que debitam e presença em palco. Nuno Rodrigues comanda as tropas e incentiva a massa humana enquanto que temas como “Ship of Fouls”, “Drifting Beyond Reality” ou “Coded Message of Death” destroem tudo à sua passagem. A interligação banda/público é intensa, público esse que mesmo reduzido, não parou de se movimentar. Quando a banda já estava no auge da sua actuação, somos informados que apenas teriam tempo para mais um tema. Ao fim de pouco mais de trinta minutos só poderiam tocar mais um tema? Um balde de água gelada e uma injustiça para a banda e o seu público. Mesmo assim não vergaram e Nuno pergunta qual o tema que preferem para finalizar. “Abyss” foi o escolhido e foi debitado com tal fúria, como que a arrancar a frustração e decepção de apenas poderem ter tocado pouco mais de quarenta minutos.

Apesar de não ter sido uma celebração, devido a alguns factores mencionados, deve ficar presente que o que se faz hoje em dia em Portugal ao nível do metal é tão ou mais superior ao que se vê por aí fora. E desde que existam bandas a acreditarem no que fazem, público a acreditar nas bandas e pessoas a querer mostrar e apoiar o que elas fazem, o panorama metálico nacional apenas tem condições para ser maior.


Texto por João Nascimento
Fotografias por Diana Fernandes

Agradecimentos: W.A.K.O.