Por esta altura os italianos Lacuna Coil já quase dispensam apresentações. Com as edições de "Comalies" e "Karmacode", a banda de Cristina Scabbia saltou completamente para as luzes da ribalta, e entrou para aquele grupo muito restrito de bandas de metal que conseguem vingar, ainda que de forma algo tímida comparando a outros grandes nomes, no mundo mais mainstream. Juntando a isso o facto de serem um dos responsáveis pela cada vez maior vaga de bandas com vocalistas femininas que inundam o mercado discográfico todos os anos, e é possível afirmar que os Lacuna Coil são já um nome preponderante neste subgénero musical."Dark Adrenaline", o sexto de originais, é exactamente o reflexo do título. Um disco mais pesado e enérgico que o anterior e porque não dizê-lo, melhor. Não que os Lacuna Coil de repente tenham voltado as suas raízes de "In a Reverie", nada disso. O que aqui ouvimos continua a ser uma espécie de híbrido entre rock gótico e alternativo, com um pequeno travo de nu metal, mas acredite-se ou não, a maioria das faixas aqui contidas contêm sempre um ou outro momento de interesse, embora nenhuma delas seja suficientemente boa para chegar ao nível de clássicos como "Heaven’s a Lie" ou "When a Dead Man Walks".
Mas claro, quando se fala de Lacuna Coil, obrigatoriamente se tem que falar em Cristina Scabbia. Goste-se ou não, ela é a imagem da banda, e neste disco está especialmente bem em temas como "Upisde Down" e "Give Me Something More". Não sendo dotada de um alcance vocal surpreendente, ou de uma profundidade envolvente, consegue compensar essas “falhas” com carisma e personalidade. No pólo oposto encontra-se Andrea Ferro, que continua a não justificar o porque de ter um papel tão preponderante na banda, a não ser quando faz uso de um registo mais agressivo como em "I Don’t Believe In Tomorrow".
No entanto "Dark Adrenaline" é também palco de alguns momentos incrivelmente inenarráveis no mau sentido, que o digam os irritantes devaneios vocais de Cristina em "Intoxicated", que até tinha potencial para ser talvez a melhor faixa do disco ou a cover de "Losing My Religion" dos REM. Se a experiencia de "Enjoy the Silence" em 2006 até se revelou uma brincadeira engraçada, o que a banda fez a um dos clássicos da banda de Michael Stipe, foi simplesmente um assassínio musical. O transformar de um tema tão simples, suave mas ao mesmo tempo desafiador, em algo robótico, superproduzido, e cujas linhas vocais são desprovidas de qualquer contexto ou lógica tendo em conta aquilo que os REM idealizaram. Poder-se-á argumentar que esta é a versão dos Lacuna Coil e que não quiseram seguir à risca o original, mas isso não chega para justificar tamanho desnorte.
Mas embora estas falhas roubem um pouco do brilho de "Dark Adrenaline", não há que negar que a banda se encontra em plena forma, e que muito do material aqui contido não é nada de se deitar fora.
Nota: 7/10
Review por António Antunes
