No que a novos projectos musicais diz respeito, os últimos anos têm assistido a um nascimento e crescimento muito grande, seja com novas bandas a despontar, com regressos ao activo de projectos estagnados, seja mesmo na forma como muitas dessas bandas se vão adaptando às novas realidades e condições e, assim, procuram encontrar o seu espaço, o seu nicho e o seu percurso.
Os I, Machinery são um desses projectos, nascidos em Vila Nova de Gaia em meados de 2008 e que recentemente lançaram o seu EP de estreia, com o curioso título “A1”! Neste trabalho, a banda gaiense regista sete temas de uma vertente que se tornou comum apelidar de death-math-progressive metal, se é que este rótulo ajuda de alguma forma a representar a sonoridade aqui presente. Talvez ajude se, para além dessa descrição, se mencionarem algumas das influências encontradas ao longo dos temas deste EP, influências essas também assumidas pela própria banda, sem qualquer tipo de embaraço. Estamos então a falar de uma banda e de um disco que trilha os mesmos caminhos percorridos por nomes como Gojira ou Meshuggah.
A principal questão que cabe aqui colocar é a seguinte: conseguem os I, Machinery beber das águas em que nadam as referidas bandas e traçar um caminho próprio ou sentem-se eles tentados a emular as linhas criativas dos suecos e franceses?
Nas primeiras tentativas de absorver a música dos I, Machinery, uma das grandes dificuldades encontradas foi conseguir distinguir os diferentes temas, pois a cadência similar entre eles, bem como o seu registo vocal, que apenas a espaços abandona aquele limbo entre o growl death-metal e a raiva hardcore, tornou essa distinção muito mais complicada!
Um dos pontos que transparece, à medida que as contínuas audições de “A1” se vão gravando nos nossos ouvidos, é o facto de praticamente todos os temas virem acompanhados de um colete de forças! Nós queremos ouvir um pouco mais de melodia, queremos que as métricas dos riffs não sejam tão estagnadas, queremos que o suporte rítmico não seja tão quadrado e previsível, mas não nos conseguimos libertar dessas barreiras! Muito possivelmente será a ditadura do género a ditar estas regras, mas não nos podemos esquecer que, se existe a intenção de percorrer o caminho progressivo, devem existir mais alguns elementos que o sublinhem e não meros apontamentos como em ‘Tumatauenga’ ou ‘Abaddon’! Mas, apesar de tudo, não se pode negar ou contrariar a ideia de que esta banda debita doses massivas de peso com a sua música!
Podemos argumentar que, como se trata de um primeiro trabalho, existe ainda aqui muito espaço para que os I, Machinery possam evoluir e possam começar a oferecer um pouco mais de vida e espontaneidade às suas criações. Pessoalmente, quero acreditar que sim!
Nota: 6/10
Review por Rui Marujo