Contando já com um conjunto de lançamentos assinalável, a senhora Cadaveria e sua banda voltam uma vez mais em força, agora com Horror Metal, título que lhes assenta que nem uma luva ou não fosse este colectivo um dos mais importantes seguidores deste subgénero.
É pacífico dizer que abordar temáticas ligadas ao horror oculto hoje em dia parece menos fascinante do que há uns tempos atrás, muito devido a estes novos fenómenos de massas ligados a conceitos vampirescos que todos os dias inundam os suportes culturais mundiais. Juntando a isso uma capa de gosto duvidoso, e fica difícil não sentir um arrepio a percorrer a espinha à medida que nos preparamos para começar a ouvir o disco. Medos e preconceitos infundados pois ao ouvir a primeira faixa Flowers in Fire, facilmente se percebe de que Cadaveria teima em não percorrer o triste caminho que os seus conterrâneos Theatres des Vampires optaram por seguir recentemente, pois o som contido neste disco contínua opressivo e sombrio, sem largar um bocadinho do peso que caracterizou os trabalhos anteriores não só do colectivo como até mesmo dos Opera IX, banda que a vocalista em tempos integrou.
Mas que não se pense que por ser fácil rotular este disco que a tarefa de o caracterizar ao pormenor fica mais clara. Longe disso. O pano de fundo aqui será algo como um doom gótico com umas incursões no death e black metal aqui e ali, com os melhores exemplos em Assassin e Whispers of Sin respectivamente. Pelo meio uns solos mais na onda tradicional, e claro elementos progressivos nas mudanças de ritmos. Uma amalgama obscura que parece funcionar, o que mostra a maturidade deste colectivo ao conseguir misturar bastantes influencias sem parecerem desconexas. Embora este seja um daqueles exemplos em que o todo se sobrepõe à soma das partes, The Night’s Theater e The Oracle (Of the Fog) são as duas composições que melhor se destacam, ao evidenciar da melhor forma todos os atributos atrás descritos.
No entanto foquemo-nos agora a quem dá o nome ao colectivo. Cadaveria não é uma vocalista qualquer. Ao longo de Horror Show vemo-la desdobrar-se num conjunto de entidades, cada uma com a sua personalidade/voz bem vincada. Imaginem os growls de Angela Gossow, ou Stregoyck (dos nossos extintos Candle Serenade), com um registo mais arranhado maquiavélico, e claro umas linhas vocais mais cantadas, cuja beleza contrasta perfeitamente com as vocalizações mais agressivas. Liricamente é o previsto, temáticas ligadas ao ocultismo, simbologia e bruxaria.
Em suma, Horror Metal é um álbum fiel a si mesmo, e a todo a temática que constitui este tipo de lançamentos, com uma qualidade um pouco acima da média.
Nota: 8/10
Review por António Antunes