O mês de Novembro tem sido farto em bons concertos no que ao metal diz respeito. Amon Amarth, Septicflesh, Machine Head, Opeth e agora os Amorphis mostraram que o metal é um estilo que continua a mover muita gente.
O concerto dos finlandeses, integrado na "The Beginning of Times Tour" como suporte ao seu mais recente lançamento "The Beginning of Times” deste ano (poderão ver a “review” deste disco no site da Metal Imperium em Julho deste ano) mostrou uma vez mais a validade e a popularidade desta banda no nosso país. Apesar de terem estado recentemente no nosso país (mais precisamente no Vagos Open Air de 2010), a quantidade de espectadores presentes nessa noite na Incrível Almadense mostrou que serão sempre bem-vindos ao nosso país.
Foi uma Incrível Almadense ainda com poucos espectadores que se assistiu à actuação das duas bandas de suporte, os espanhóis Nahemah e os noruegueses Leprous. Apesar de serem duas bandas desconhecidas por parte do público português, a verdade é que as mesmas já existem à já vários anos e com alguns discos editados.
Os Nahemah, banda formada em 1997 deram um bom concerto. Movendo-se dentro de um estilo como o metal progressivo, a agressividade com que “atacam” os temas é bastante eficaz. Embora muito estáticos em palco, e com as condições normais para uma banda de suporte, apresentaram uma actuação muito coesa e com um som bastante poderoso, mesmo para uma banda de abertura. Uma banda a seguir para o futuro.
Os noruegueses Leprous foram outra surpresa. Cinco miúdos (a palavra é mesmo essa, miúdos, pois era mais que visível a tenra idade dos seus integrantes). Vestidos a rigor, de gravata, o que se apresentava a nossa frente era uma incógnita. Antes de terem tocado sequer uma nota, a dúvida para aqueles que não os conhecia (como eu) pairava no ar: o que vai sair daqui? Tudo o que conhecia desta banda é que são a banda de apoio ao vivo do grande Ihsahn (mentor dos ainda maiores Emperor). Mesmo a disposição dos instrumentos levantava dúvidas: normalmente a posição de teclados é relegado para um segundo plano, mas aqui estava mesmo à nossa frente. O que quereria isso dizer? Todas essas dúvidas se dissiparam assim que os cinco músicos iniciaram a sua actuação. Um som muito forte e melódico, que muitos denominam por metal progressivo extremo, mas no entanto “toca” uma série de estilos, numa mistura explosiva e magnética. Tendo como base da actuação o seu último lançamento, “Bilateral” já deste ano, os Leprous apresentaram uma actuação muito interessante, que certamente terá deixado muita gente curiosa para saber mais da sua música. Muito activos e coesos, onde a figura central é o vocalista / teclista Einar Solberg. Aparentemente, estes miúdos já têm alguma fama no seu país de origem e não estranhem se um dia ouvirem falar deles mais vezes.
Já foi uma sala muito bem composta (mais de meia casa) que assistiu a mais uma muito boa e intensa actuação dos Amorphis. Desprovidos de muitos atributos cénicos (um back-drop com a capa do ultimo disco, duas telas laterais e um jogo de luzes simples mas eficaz), mostraram que é na sua música que reside toda a sua essência. Com vinte anos de carreira e centenas de concertos no seu currículo, os Amorphis são uma máquina bem oleada, que sabe como cativar e manter o público sempre em alta.
Foi ao som de “Song of the Sage” do último “The Beginning of Times” que os seis finlandeses mostraram, ao longo de quase 90 minutos como se faz bom metal, umas vezes a pender para a sua vertente mais “heavy metal”, outras para o lado do “death metal” mais melódico (do início da carreira). A partir daí, assistiu-se a um excelente concerto, muito equilibrado em termos de material mais recente e mais antigo, com um Tomi Joutsen muito activo no papel de vocalista e agitador de massas. Apesar de ser o membro mais recente na banda, é sobre ele que recaem todos os olhares. Um “frontman” à altura para esta banda e um vocalista extraordinário. Um concerto muito focado nos dois últimos discos (“Skyforger” e no já mencionado “The Beginning of Times”), talvez os mais importantes da sua carreira até agora, que possibilitaram uma maior exposição a nível mundial da banda.
É difícil indicar pontos altos da actuação, pois toda ela foi num regime muito elevado, muito profissional e vibrante. O público acompanhava a banda em (quase) todos os temas, quer fossem novos ou velhos, mostrando serem conhecedores da carreira da banda. Num alinhamento de quinze temas, fossem os novos “My Enemy” e “You I Need”, “Sampo” e “Siver Bride” (fantástica) do “Skyforger” (2009), recordando um passado mais recente com “The Smoke” do “Eclipse” de 2006 ou das “velhinhas” “Vulgar Necrolaty” do “The Karelian Isthmus” de 1993 ou do tema que os lançou para a popularidade como “Black Winter Day” do “Tales From The Thousand Lakes” de 1994, a força com que todos esses temas eram lançados para o publico e ver a reacção do mesmo era de verdadeira comunhão entre todos. Talvez o ponto mais alto da actuação tenha acontecido no último tema, “House of Sleep”, com o refrão a ser cantado ruidosamente pelo público, o que levou a banda a parar por momentos a sua actuação para deixar o publico cantar. Fantástico.
É sempre bom quando as bandas se sentem acarinhadas pelo público. É uma prova de fidelidade e tal facto certamente fará as mesmas querer voltar ao nosso país. Com os Amorphis aconteceu o mesmo e esperemos que eles nos visitem muito mais vezes. Três bandas, todas elas com bons espectáculos. Uma boa noite de concerto na Incrível Almadense.
Texto por João Nascimento
Fotografia por João Cavaco
Agradecimentos: Prime Artists