Quatro anos após Dark Passion Play, que marcou um novo começo para os Nightwish, a banda de Tuomas Holopainen volta com Imaginaerum, o sétimo registo de originais. Este novo disco segue directamente as pegadas do anterior, ou seja, uma banda ambiciosa, à procura de novos caminhos, mas que mantém ainda um pouco das suas raízes mais power metal. Alias, não será por isso de estranhar, que mesmo tendo já alcançado um sucesso comercial bastante grande, ainda sejam motivo de especulação, e adoração por parte de um público tão elitista como o metaleiro, cenário que nem com a polémica mudança de vocalistas se alterou.
Pegando num conceito, que mistura um universo que parece ter sido roubado da mente de Tim Burton, com uma pitada de síndrome de Peter Pan, Imaginaerum é um disco onde a fantasia esta mais presente do que nunca, e onde a componente dramática e o universo onírico se fundem. Ingredientes que fazem deste álbum, o mais variado que a banda alguma vez lançou. Logo à partida os temas Ghost River e Scaretale apresentam uma certa aura de história de terror, com direito a coros infantis, que de inocentes nada têm, e uma Anette Olzon possuída e agressiva como nunca a vimos em Dark Passion Play. Não é demais referir o papel da vocalista em Imaginaerum, é nela que convergem todos os holofotes, muito devido a uma prestação surpreendente. Não será errado dizer que a vocalista não tem, e dificilmente algum dia terá a técnica, ou até mesmo o talento de Tarja, mas oferece muito mais soluções a estas novas excentricidades de Tuomas. Anette é neste momento a vocalista certa para estes Nightwish mais emocionais e dramáticos. Mas a imprevisibilidade de Imaginaerum não se fica por esse conjunto de temas. Slow Love Slow mostra uma incursão pelo campo dos jazz, nunca antes testada pela banda, e que resulta maravilhosamente, já o épico Song of Myself, contem um interessante, e longo interlúdio, composto por um conjunto de diferentes pessoas a recitar o poema de Walt Withman: Song of Myself, com orquestra e piano como pano de fundo. Dos temas mais típicos, ressaltam Storytime, com um refrão delicioso, e o arrepiante belo Turn Loose the Mermaids. Por fim, a faixa que dá nome ao álbum, mas que mais não é do que o recapitular de tudo o que ouvimos, sob forma de orquestra.
Desengane-se quem achar que basta uma audição para se perceber o que é Imaginaerum, pois apesar de manter um ou outro tema mais básico, é sem dúvida o trabalho mais complexo que a banda alguma vez nos apresentou. Um álbum pouco homogéneo na sua direcção, é verdade, mas consistente na sua qualidade. Resta saber como funcionarão estes temas ao vivo.
Nota: 9/10
"Imaginaerum" track list:
01. Taikatalvi
02. Storytime
03. Ghost River
04. Slow, Love, Slow
05. I Want My Tears Back
06. Scaretale
07. Arabesque
08. Turn Loose The Mermaids
09. Rest Calm
10. The Crow, The Owl And The Dove
11. Last Ride Of The Day
12. Song Of Myself
13. Imaginaerum
Review por António Antunes